O presidente da Bolívia, Evo Morales, entregou ontem (23), cerca de 480 hectares de terra a camponeses do norte do departamento (estado) de La Paz . O território foi confiscado do ex-presidente Gonzalo Sánchez de Lozada (que chefiou o país durante 1993-1997 e 2002-2003).
Lozada foi acusado pelo Inra (Instituto Nacional de Reforma Agrária) de não cumprir legalmente a exigida “função econômica e social” em seu território. As terras foram revertidas aos descendentes de africanos que moram na região cocaleira de Yungas.
“Missão cumprida com o povo afro boliviano” anunciou o chefe de Estado em um ato que contou com a presença de cerca de cinco mil cidadãos locais. “Estamos seguros que estas terras agora serão altamente produtivas com os esforços de vocês e logo vamos reverter outras terras, aquelas que não estejam cumprindo uma função produtiva”, completou.
Ato Político
Em seu discurso, Morales não deixou de comentar que espera ansiosamente a chegada de um representante afroboliviano ao poder. Uma lei transitória aprovada no Senado recentemente, prevê a criação de sete cargos para minorias étnicas na Assembléia Plurinacional.
O presidente, em seu discurso, ainda lembrou da disputa para conseguir tais cargos, pois segundo ele, “a direita se opôs tenazmente para que as distintas etnias estivessem representada na Assembléia Plurinacional, como os afro bolivianos, assim como os Chipayas, Mojeños, Yuracarés, porque os parlamentarios da oposição exigiam, para que houvesse uma representação apenas as populações maiores a 60 mil pessoas”.
As próximas eleições serão em 6 de dezembro.
Guerra do Gás
Morales, antes de chegar ao poder em 2006, foi um dos mais ferrenhos opositores das políticas liberais de Sánchez de Lozada. Quando o ex-presidente decidiu exportar gás aos Estados Unidos, provocou uma revolta entre a população, já que grande parte dela não disponibilizava desses beneficios. Comandados por Morales, protestos contra o então chefe de Estado boliviano começaram a estourar no país.
Desde novembro do ano passado corre na justiça o processo de extradição do ex-presidente. Residindo nos Estados Unidos, Lozada é culpado por crime de genocídio, devido à morte de 67 pessoas em outubro de 2003, conhecido como a “Guerra do Gás”, culminou com sua renuncia.
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