O presidente do Egito, Hosni Mubarak, anunciou nesta terça-feira (01/02) que não concorrerá às próximas eleições presidenciais, programadas para setembro. Em discurso transmitido pela televisão pública, Mubarak disse que permanecerá no poder apenas até as eleições, já que isso é “necessário para manter a estabilidade do país”.
“Digo com toda honestidade que não pretendo concorrer às próximas eleições porque já passei tempo demais no cargo.”, garantiu.
Mubarak disse ainda que pedirá ao Parlamento para que mude a legislação que fixa as condições para poder se apresentar como candidato à Presidência. Pelas regras atuais, por exemplo, o líder opositor Mohamed El Baradei, vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 2005, não pode apresentar candidatura à Presidência do Egito.
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Além disso, o atual presidente solicitará ao Parlamento que leve adiante a análise das apelações sobre os resultados das últimas eleições legislativas, realizadas em novembro e dezembro passado, que ocorreram em meio a inúmeras denúncias de fraude.
O egípcio, que está Há 30 anos no poder, tem enfrentado uma onda de protestos no país pela sua renúncia. Nesta terça-feira, mais de 1 milhão de pessoas se reuniram nas ruas do Cairo e em outras cidades, o maior protesto no país desde o início das manifestações.
Para ele, porém, o caos político está instaurado no país pelo fato de setores da oposição estarem estimulando os conflitos.”Há forças políticas que rejeitaram o convite ao diálogo, sem preocupação com a situação do Egito. Mas minha oferta ainda é válida”, afirmou o presidente referindo-se a proposta de diálogo feita pela primeira vez na segunda-feira (31/01). A oferta foi rejeitada pela oposição.
Mubarak, que se colocou como “um homem do Exército que não desiste das responsabilidades”, garantiu que conduzirá uma transição pacífica. “O Egito vai sair mais forte, mais confiante, mais unido e estável dessas circunstâncias difíceis. Vou morrer nesse país e a história vai me julgar”, disse.
O pronunciamento do presidente egípcio foi feito após uma declaração do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em que o norte-americano afirmou que Mubarak não deveria concorrer ao quinto mandato, efetivamente retirando o apoio dos EUA a seu principal aliado árabe. De acordo com o jornal norte-americao New York Times, Obama enviou uma mensagem ao presidente egípcio por G. Wisner, um ex-diplomata com fortes laços com o país.
A mensagem de Wisner não teria sido uma demanda brusca para Mubarak sair agora, mas sim um conselho de que ele deveria abrir espaço para um processo de reforma política que culminaria em eleições livres e justas em setembro para eleger um novo presidente.
Há oito dias, manifestantes vem protestando nas principais cidades do país contra a permanência de Mubarak no cargo. Segundo informações obtidas pela ONU, a repressão aos protestos podem ter deixado 300 mortos, mais do que o dobro do balanço anunciado oficialmente até agora, de 125.
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