O alto funcionário da ONU alertou contra a “normalização” de uma “escalada militar sem fim” e “métodos de guerra, controle e repressão cada vez mais horríveis e tecnologicamente avançados”.
Volker Türk pediu aos cidadãos de todo o mundo para “serem vigilantes” quando se trata de eleger líderes.
“Cuidado com quem eleva a voz, homens supostamente fortes que desejam cegar a multidão, propondo soluções ilusórias que negam a realidade”, alertou. “Esteja ciente de que, quando um grupo é bode expiatório, um dia você pode ser o próximo”, finalizou.
Desinformação
Türk também alertou contra “a disseminação desenfreada de desinformação, “que sufoca os fatos e a capacidade de fazer escolhas livres e informadas”.
“A retórica inflamada e as soluções simplistas apagam o contexto, as nuances e a empatia, abrindo caminho para o discurso de ódio e as consequências desastrosas que inevitavelmente se seguem”.
Injustiça, mudanças climáticas que afetam os menos responsáveis por elas, violações de direitos humanos cometidas em nome da soberania nacional, normas e organizações internacionais sob ataque… o Alto Comissário da ONU pintou um quadro sombrio para o futuro do mundo.
Mas ele enfatizou que “podemos e devemos fazer uma escolha diferente”, sendo “guiados pelos direitos humanos e pelos valores universais que todos nós compartilhamos”.
“Coletivamente, devemos fazer a escolha de rejeitar o novo normal e o futuro distópico que ele representa”, sugere Türk, conclamando os cidadãos de todo o mundo a considerarem essas questões, principalmente na hora de votar.
“Embora algumas eleições já tenham ocorrido e outras estejam chegando este ano, peço a todos os eleitores do mundo que tenham em mente as questões mais importantes para eles – sejam elas a moradia, a educação dos filhos, saúde ou emprego”, disse ele.
Guerra em Gaza
“O fim do conflito em Gaza é uma prioridade”, aponta ainda o Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, nesta segunda-feira, pedindo aos países para agirem contra o “flagrante desrespeito” ao direito internacional implícito na ocupação israelense dos territórios palestinos.
Mais de 40 mil pessoas foram mortas em Gaza desde que Israel lançou uma operação militar em resposta ao ataque de outubro de 2023 por combatentes palestinos armados no sul do estado israelense.
“Parar a guerra e evitar um conflito regional de larga escala é uma prioridade absoluta e urgente”, disse Volker Türk em um discurso proferido em Genebra na abertura de uma sessão de cinco semanas do Conselho de Direitos Humanos da ONU.
“Os Estados não podem – não devem – aceitar o flagrante desrespeito à lei internacional, em especial às resoluções obrigatórias do Conselho de Segurança e às ordens da Corte Internacional de Justiça (CIJ), seja neste caso ou em qualquer outro”, insistiu ele.
Volker Türk baseou-se em um parecer publicado em julho pela CIJ, que descreve a ocupação israelense como ilegal e considera que a situação deve ser resolvida. O governo israelense rejeitou esse parecer como tendencioso.
“Em todas as regiões do mundo, observamos uma poderosa dinâmica a favor da conquista ou da manutenção do poder às custas dos direitos humanos universais”, lamentou.