O ex-presidente da Bolívia Evo Morales iniciou uma greve de fome para exigir que o governo de seu ex-aliado Luis Arce dialogue com os manifestantes que bloqueiam estradas do país há cerca de 20 dias.
Os apoiadores de Morales pedem a suspensão da investigação contra o ex-mandatário por um suposto caso de abuso sexual contra uma adolescente, definindo o inquérito como “perseguição política”.
“Para priorizar o diálogo, vou iniciar uma greve de fome até que o governo instale mesas de diálogo”, afirmou Morales, que destacou ainda que não tem medo da cadeia.
Morales disse ainda que segue firme “na defesa de dias melhores” para a Bolívia e exige a “libertação imediata dos companheiros presos injustamente durante o dia de protesto”.
Há meses, Morales e Arce tem entrado em rota de conflito para domínio do partido Movimento ao socialismo (MAS). O ex-mandatário deseja ser candidato à Presidência em 2025, enquanto o atual presidente quer ser o nome unificado da esquerda.
Vale recordar que Morales sofreu um ataque a tiros contra o seu carro nas proximidades da cidade de Shinahota, na região central do país. Ele colocou a responsabilidade pelo atentado a Arce, que nega qualquer vínculo com o episódio.
Iniciamos la huelga de hambre desde el Territorio de Lucha, convencidos de la necesidad de encontrar soluciones a los problemas que hoy enfrenta el pueblo boliviano.
Las y los revolucionarios no se rinden ni claudican. Nos mantendremos firmes en la defensa de mejores días para… pic.twitter.com/98iG3RmLJL
— Evo Morales Ayma (@evoespueblo) November 2, 2024
A escalada da crise culminou nesta sexta-feira (01/11), quando apoiadores de Morales tomaram unidades militares na região de Cochabamba em defesa do ex-presidente e pela continuidade dos protestos, que já bloquearam cerca de 20 pontos do país.
O presidente Arce já ordenou a desobstrução das vias bloqueadas com o uso do aparato militar, o que gerou repressão. A resposta dos manifestantes evistas veio através da tomada do quartel de Juan Maraza.
No quartel-militar de Cacique Juan Maraza, em Cochabamba, o grupo de militantes ingressou no local e fez cerca de 20 militares de reféns. “Que viva a luta”, gritaram os ativistas ao tomar o controle do recinto.
Arce afirmou que a tomada de instalações militares, “em qualquer parte do mundo”, é um “crime de traição à Pátria”: “uma afronta à Constituição Política do Estado, às Forças Armadas e ao próprio povo boliviano, que rejeita veementemente os bloqueios”, disse em suas redes sociais.
(*) Com informações da Revista Fórum.