Terça-feira, 10 de junho de 2025
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O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva chegou na noite de sábado (10/05) a Pequim, capital chinesa, para uma visita de Estado que marca seu segundo encontro com o presidente Xi Jinping neste mandato. A viagem inclui compromissos estratégicos e econômicos ao longo da semana, além de sua participação na abertura da 4ª edição do Fórum China-Celac, que simboliza o aprofundamento dos laços entre a América Latina e China.

A recepção chinesa foi carregada de simbolismo: crianças e flores deram as boas-vindas a Lula, gesto tradicional que expressa respeito, amizade e desejo de relações duradouras. Nas redes sociais, o presidente destacou que a missão brasileira tem como objetivo ampliar parcerias e assinar acordos em diversas áreas. “É mais um grande passo na relação de amizade e proximidade estratégica com a China, maior parceiro comercial do Brasil desde 2009”, publicou no X.

A visita ocorre logo após a participação de Lula nas comemorações do Dia da Vitória, em Moscou, ao lado de líderes como Xi Jinping e Vladimir Putin. Ao se juntar a esses chefes de Estado, Lula reforça o compromisso brasileiro com a memória histórica e com a defesa de uma ordem internacional baseada na justiça e no multilateralismo. Ele compartilha com Xi e Putin a visão de que é preciso combater o revisionismo histórico e rejeitar políticas unilaterais. Como afirmou Putin durante o evento: “vitória é sagrada, e a história não deve ser distorcida”.

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Em Pequim, Lula está acompanhado por uma comitiva expressiva, que inclui a primeira-dama Janja Lula da Silva; ministros como Mauro Vieira (Relações Exteriores), Simone Tebet (Planejamento) e Luciana Santos (Ciência e Tecnologia); parlamentares; além de representantes do Banco Central, Banco do Brasil e o assessor especial Celso Amorim. Um destaque é o chefe da Casa Civil, Rui Costa, que já esteve na China na semana anterior. Segundo o Itamaraty, 16 dos 48 acordos em negociação já foram firmados, com previsão de novos avanços até a cúpula do BRICS, que ocorrerá em julho, no Brasil.

A visita também sinaliza a busca do Brasil por um caminho estratégico autônomo, diante de barreiras comerciais impostas por países como os Estados Unidos. O fortalecimento do BRICS e o multilateralismo são temas centrais da agenda. Para o pesquisador Zhou Zhiwei, da Academia Chinesa de Ciências Sociais, “a visita de Lula oferece espaço para visões estratégicas num cenário global marcado por incertezas e unilateralismo”. Celso Amorim complementa: “é curioso que Brasil e China tenham hoje que defender o sistema multilateral”.

A programação de Lula inclui, além de reuniões reservadas no domingo (11/05), sua participação no encerramento do Seminário Empresarial China-Brasil na segunda-feira (12/05), ao lado de ministros e empresários dos dois países. Na terça-feira (13/05), o presidente participa do Fórum China-Celac e realiza uma reunião bilateral com Xi Jinping para tratar de acordos e projetos de cooperação estratégica.

A presença brasileira ocorre em meio à participação de outros líderes regionais, como Gustavo Petro (Colômbia) e Gabriel Boric (Chile). Bogotá, inclusive, deve firmar uma carta de intenção para aderir à Iniciativa Cinturão e Rota. Já a Argentina não participará do fórum, após decisão do presidente Javier Milei.

Inicialmente, Lula não pretendia comparecer ao evento, mas o fortalecimento do diálogo com a China e a importância da presidência brasileira no BRICS — que terá agendas de destaque em junho e julho — pesaram na decisão. Agora, o presidente aposta em resultados concretos que reforcem o papel do Brasil no cenário internacional, ampliem investimentos e consolidem sua política externa voltada à cooperação e ao equilíbrio global.