Se em Washington e no resto mundo a condenação ao golpe de Estado em Honduras é unânime, no sul da Flórida a saída dos tanques às ruas em Tegucigalpa e a expulsão do presidente Manuel Zelaya são vistos como “um golpe democrático”.
“O presidente Zelaya queria levar o país para o comunismo, entregá-lo a [Hugo] Chávez e por isso as Forças Armadas tiveram de dar um golpe democrático”, explicou ao Opera Mundi o presidente da organização de imigrantes hondurenhos, José Lagos, que tem sede em Miami, a única cidade do mundo onde, em 2003, foi realizada uma manifestação de apoio à guerra no Iraque.
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Logo após o golpe, Lagos, que estava internado em um hospital convalescente de uma operação, saiu à rua e organizou a primeira coletiva de imprensa de Micheletti. Convocou a imprensa local de Miami, pegou o celular, telefonou para o presidente golpista e o colocou em contato com os jornalistas.
“Você é um bom patriota”, elogiou Micheletti.
A entrevista foi repetida até a exaustão pelas rádios e televisões da cidade. A situação chegou a tal ponto que até o diretor do jornal The Miami Herald, Anders Gyllenhaall, escreveu em seu Twitter: “Estas coisas só acontecem em Miami. Deputado dá golpe em Honduras e telefona para Miami para dar explicações”. Veja aqui.
“Nós, os cubanos livres, estamos orgulhosos do presidente hondurenho, que deu um exemplo ao mundo de ideais democráticos e responsabilidade cívica”, acrescentou o líder de Vigília Mambisa, Miguel Savedra, referindo-se a Micheletti.
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Savedra é um exilado cubano conhecido na cidade por, “em tempos de crise política”, aparecer sempre no principal café da Pequena Havana, o Versailles, onde se concentram os jornalistas em busca de opiniões pitorescas.
Foi neste ambiente que Rodolfo Frómeta, o “comandante-chefe” da Comandos F-4, possivelmente a única organização anti-castrista que reivindica uma oposição “bélica” contra o governo da ilha, anunciou que tinha “enviado para Honduras 230 soldados” para ajudar o Exército desse país a combater “a penetração cubano-chavista”.
Quando Opera Mundi lhe pediu se podia organizar uma entrevista com esses soldados, seus chefes ou alguém que participasse na “operação”, Frómeta explicou que isso era “segredo militar”.
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