Terminada a formulação do Acordo de Copenhague, o texto foi apresentado na plenária da conferência da ONU sobre mudanças climáticas (CoP 15) na madrugada de sexta-feira para sábado. Não houve consenso entre os países e o documento foi criticado.
O primeiro país a se pronunciar foi Tuvalu, um Estado da Polinésia, afirmando que o documento não garante a manutenção do Protocolo de Quioto e não detalha suas propostas, como, por exemplo, a que prega a implantação de programas de Redd (conservação de florestas).
A Venezuela se queixou que o texto foi produzido por um grupo de países sem mandato dos outros integrantes das Nações Unidas. A Bolivia também se queixou de receber um texto feito por outros países para ser aprovado em uma hora numa plenária. “Não é respeitoso”, disse o diplomata boliviano.
Depois, Cuba rejeitou o acordo. “Este papel não contém uma só palavra de compromisso da parte dos países desenvolvidos”, criticou o representante de Havana, seguido pela Costa Rica, que disse que o texto deveria ser considerado meramente “informativo”.
Pouco antes de serem encerrados os trabalhos, o presidente da Comissão Europeia, Manuel Durão Barroso, também se disse frustrado com o documento.
“Este acordo é melhor do que nenhum acordo. Tem coisas boas e coisas não tão boas”, sintetizou Durão Barroso.
Postura brasileira
O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, considerou o resultado das negociações climáticas em Copenhague insuficiente para “salvar o planeta”. “O valor de 10 bilhões de dólares por ano, que será colocado no fundo até 2012, é menor que o valor que será gasto pelo Brasil para atingir sua meta voluntária de redução das emissões”, afirmou o ministro, que ainda está na Dinamarca, em comunicado do Ministério do Meio Ambiente.
Em entrevista à Globo News concedida hoje (19), Minc afirmou que o Brasil fez o seu “dever de casa”, e continuará a cobrança de uma postura “mais forte” dos países desenvolvidos para combater as mudanças climáticas. “O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) recomenda uma redução das emissões de carbono de 25% a 40% até 2020. Ainda estamos em 2009, então, vamos mobilizar a população e a opinião pública, assim como foi feito para que Estados Unidos e China apresentassem suas metas”, disse.
Nações Unidas
Para que o documento seja um protocolo das Nações Unidas as decisões devem ser aceitas por unanimidade, a oposição de apenas um país já é suficiente para inviabilizar um acordo
Em entrevista coletiva realizada após ser divulgado o acordo, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que trabalhará para transformar esse texto “em um tratado legalmente vinculativo em 2010”.
Ban destacou que “os alicerces do primeiro acordo global para limitar os gases do efeito estufa foram colocados nesta cúpula”, e disse que não podia precisar a data, mas lembrou que a próxima conferência sobre a mudança climática acontecerá no México no ano que vem.
O secretário-geral acrescentou que haverá uma estreita coordenação com o presidente mexicano, Felipe Calderón, a quem descreveu como um homem “comprometido com o meio ambiente”.
Calderón afirmou durante a madrugada que o texto que estava sendo debatido no último dia da cúpula em Copenhague “está longe do que o mundo esperava e do que o mundo precisa”.
NULL
NULL
NULL