Moscou afirmou nesta quarta-feira (12/04) que “não tem sentido” dar um ultimato à Rússia, em resposta ao secretário de Estados dos EUA, Rex Tillerson, que exigiu ao Kremlin que deixasse de apoiar o governo de Bashar al-Assad, presidente da Síria.
“Não vejo isso como um ultimato. Acredito que faz tempo que todo mundo entendeu que não tem sentido vir a nosso país com um ultimato”, disse hoje a porta-voz do Ministério de Exteriores russos, Maria Zajarova.
Tillerson, que aterrissou nesta terça em Moscou procedente da reunião de ministros de Exteriores do G7 realizada em Roma, terá hoje uma reunião com seu colega russo, Serguei Lavrov, que terá a Síria como tema. Um encontro com o presidente Vladmir Putin não está descartado, apesar de não estar na agenda.
Tillerson, o primeiro alto funcionário dos EUA que visita a Rússia desde a chegada ao poder de Donald Trump, pediu a Putin que escolha entre Bashar al-Assad e uma aliança com Ocidente, em uma declaração publicada nesta terça (11/04) pelo site do Departamento de Estado norte-americano.
“Essa é uma aliança a longo prazo que serve aos interesses da Rússia ou prefere se unir aos Estados Unidos, junto com outros países ocidentais e do Oriente Médio, para resolver a crise em Síria?”, disse, antes de viajar rumo à Rússia.
Desde o suposto ataque químico de 4 de abril na província síria de Idlib, os Estados Unidos não deixaram de acusar a Rússia de ser responsável “moral” pela morte de quase 100 civis. Na mesma semana, Washington bombardeou alvos militares na Síria, desencadeando uma onda de duras reações, principalmente de Moscou e Teerã. A ação norte-americana teve o apoio de Londres, Paris e Berlim.
Agência Efe
Tillerson (esq.) e Lavrov, chanceler russo, durante encontro em Moscou
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Trump disse nesta terça, em uma entrevista à rede Fox, que Putin está apoiando “uma pessoa verdadeiramente malvada”, em referência a Assad, a quem chamou de “animal”.
Confiança degradada
Putin lamentou, em entrevista exibida nesta quarta-feira à emissora de TV Mir, que “a confiança trabalho de nível” entre seu país e Estados Unidos “tem se degradado”, após a posse de Trump à Casa Branca.
“Podemos dizer que o trabalho de confiança, especialmente no campo militar, não melhorou, mas piorou”, disse Putin, em meio à visita do secretário Tillerson a Moscou.
O chefe do Kremlin voltou a denunciar a Otan “está imerso em um paradigma de confronto entre os blocos” próprio da Guerra Fria, apesar de “ter superado essa situação”.
“As marcas da Guerra Fria foram muito notadas na Otan. Se trata de uma organização muito ideológica, apesar de todas as declarações [no âmbito da Aliança] estarem prestes a ser transformadas nas condições atuais”, afirmou.
Rússia suspendeu a cooperação militar com os EUA na Síria, depois do ataque contra uma base aérea síria ordenado por Trump.