O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, convocou neste domingo (25/12) o embaixador norte-americano no país, Dan Shapiro, para esclarecer o papel dos EUA na aprovação da resolução do Conselho de Segurança da ONU que condena assentamentos israelenses em território palestino. A inédita abstenção dos EUA na ONU em votações contra Israel levou à aprovação da resolução 2334 na última sexta-feira (23/12).
Além de ordenar a suspensão dos contatos de caráter “civil e político” com a Autoridade Nacional Palestina (ANP) e do financiamento a quatro organismos da ONU, o governo israelense já havia convocado para esclarecimentos os embaixadores dos países com quem mantém relações diplomáticas e que votaram contra Tel Aviv no Conselho de Segurança. O primeiro-ministro ordenou também que o Ministério de Relações Exteriores reduza consideravelmente as relações com 12 destes países.
A convocação do embaixador dos EUA também é uma medida inédita nas relações entre os dois países, e pouco usual visto que o próprio Netanyahu irá conversar com Shapiro em seu gabinete, enquanto os outros representantes estrangeiros foram recebidos por oficiais do Ministério das Relações Exteriores, informou o jornal israelense Haaretz.
Agência Efe
Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, em meio a ministros em reunião semanal de seu gabinete
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A aprovação da resolução do Conselho de Segurança da ONU só foi possível devido à mudança de postura dos EUA, que havia vetado uma resolução similar em 2011. Os EUA são históricos aliados de Israel, mas a relação entre os governos Obama e Netanyahu vinha se deteriorando nos últimos anos, com Washington manifestando reiteradamente sua insatisfação com a expansão dos assentamentos judaicos patrocinados pelo Estado de Israel na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, territórios palestinos.
A resolução estabelece que os assentamentos “não têm validade legal e constituem uma violação flagrante da lei internacional” e pede que a comunidade internacional “faça a devida distinção entre o território do Estado de Israel e os territórios ocupados desde 1967”.
Ainda neste domingo, durante sua reunião semanal com os ministros de seu governo, Netanyahu culpou Obama pela aprovação da resolução. “Segundo as informações que temos, não temos dúvida de que a administração Obama iniciou, apoiou, coordenou o texto e exigiu a aprovação [da resolução]”, afirmou.
O primeiro-ministro israelense também disse que está ansioso para trabalhar com Donald Trump, que toma posse como presidente dos EUA no dia 20 de janeiro, “para reverter os efeitos danosos dessa resolução absurda”. Antes da votação do Conselho de Segurança, Trump pediu, por meio de um comunicado, que o governo Obama vetasse a resolução contra Israel. Após a aprovação do texto, Trump se manifestou em seu Twitter dizendo que “as coisas serão diferentes após 20 de janeiro” na relação entre seu país e a ONU.