A Grécia vive um dia decisivo nesta sexta-feira (04/11), quando o governo do primeiro-ministro George Papandreou passará por um “voto de confiança” no Parlamento. Independente do resultado, o premiê poderá deixar o governo ainda hoje, um dia após voltar atrás e afirmar que não pretende realizar um referendo para perguntar à população se o pacote de resgate da União Europeia deve ser aplicado.
O anúncio da consulta popular abalou o mercado financeiro e os líderes das duas maiores economias da zona do euro — Alemanha e França –, que cobraram uma postura mais clara de Atenas quanto ao empréstimo bilionário, atualmente em seu quinto lote, e deram um ultimato. Boatos de que o primeiro-ministro renunciaria surgiram durante a abertura da 6ª Cúpula do G20.
Efe
Cada vez mais isolado, Papandreou passará pelo voto de confiança no Parlamento grego
O líder da oposição, Antonis Samaras, quer que Papandreou renuncie e que uma eleição seja convocada. O premiê não descartou a possibilidade de deixar o posto, afirmando que “não está preso à sua cadeira”, mas disse que não é possível esperar que o governo renuncie repentinamente, e que, nesse momento, não pode haver um “vácuo de poder”.
O ministro das Finanças Evangelos Venizelos, do partido governista, por sua vez, estaria costurando um acordo para que Papandreou receba o voto de confiança do Parlamento, mas deixe o cargo como forma de “salvar o partido”. O deputado socialista Mimis Androulakis disse, em entrevista à emissora de rádio Skai, que votará a favor de Papandreou apenas se o primeiro-ministro lhe “garantir” que será iniciado um processo de formação de um governo de união nacional.
Situação econômica
A Grécia tem enfrentado dificuldades para refinanciar suas dívidas e despertado preocupação entre investidores de todo o mundo sobre sua situação econômica. Mesmo com seguidos pacotes de ajuste e ajuda financeira externa, o futuro da Grécia ainda é incerto.
O país tem hoje uma dívida equivalente a cerca de 142% do PIB (Produto Interno Bruto) do país, a maior relação entre os países da zona do euro. O volume de dívida supera, em muito, o limite de 60% do PIB estabelecido pelo pacto de estabilidade assinado pelo país para fazer parte do euro.
A Grécia gastou bem mais do que podia na última década, pedindo empréstimos pesados e deixando sua economia refém da crescente dívida. Nesse período, os gastos públicos foram às alturas, e os salários do funcionalismo praticamente dobraram.
Enquanto os cofres públicos eram esvaziados pelos gastos, a receita era afetada pela evasão de impostos – deixando o país totalmente vulnerável quando o mundo foi afetado pela crise de crédito de 2008.
NULL
NULL
NULL