O linguista e filósofo norte-americano Noam Chomsky teve um acidente vascular cerebral (AVC) massivo em junho passado, no Arizona, Estados Unidos, e passa agora por tratamento para recuperação em São Paulo, informou a Folha de S. Paulo nesta segunda-feira (10/06).
Segundo o jornal, o filósofo chegou a ser atendido por médicos norte-americanos, que “reduziram ao mínimo sua medicação e a alimentação intravenosa”, mas que não deram soluções a longo prazo para melhora.
Chomsky foi assessorado pela esposa, Valeria Chomsky, que é brasileira. Assim, ela decidiu transferir o tratamento do marido para São Paulo, onde têm uma residência desde 2015, à medida que ele “melhorava, reconhecia pessoas, recuperava a consciência e se comunicava com dificuldade decrescente”.
“Valéria alugou um jatinho-ambulância e contratou dois enfermeiros. Além de cara, a viagem foi, em suas palavras, “longa, penosa e estressante”, escreveu a Folha sobre a transferência de Chomsky para o Brasil.
Após pousar, o acadêmico foi internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Posteriormente, foi transferido para o quarto, onde é visitado diariamente por médicos de diversas especialidades. Segundo o jornal, ele “está com dificuldades na fala e o lado direito do corpo entorpecido”, sintomas comuns em vítimas de AVCs.
O jornal avalia inclusive que a condição de saúde de Chomsky, que tem origem judaica e morou em Israel em 1953, é o motivo pelo qual o também analista internacional não comentou a guerra de Israel na Faixa de Gaza desde seu início, em 7 de outubro.
Seu posicionamento pró-Palestina também decorreu de uma palestra em uma universidade na Cisjordânia, anos após morar em Israel. Por causa desta conferência, Chomsky foi interrogado por horas por autoridades israelenses na fronteira e não pôde entrar no país.
Com diversas obras publicadas, o filósofo escreveu quatro livros especificamente sobre Israel e a ideologia sionista. Antes do acidente estava atento sobre os assentamentos israelenses na Cisjordânia.
Segundo a Folha, conforme se recupera, Chomsky lê diariamente o site do jornal norte-americano The New York Times. “Ao ver imagens de Gaza no jornal ou na TV, levanta o braço esquerdo num gesto de lamento e revolta”, ressalta.