Apesar de terem condenado publicamente a operação militar norte-americana que depôs e prendeu o então presidente do Panamá, Manuel Noriega, alguns governos da América do Sul apoiaram, nos bastidores, a invasão ocorrida em 1989. Segundo o governo dos Estados Unidos, esses países apresentavam uma “posição ambígua” sobre o princípio da não-intervenção.
É o que revela documento diplomático da Embaixada do Brasil em Washington, tornado público pelo Ministério das Relações Exteriores por meio do site Folha Transparência. A mensagem relata que o presidente George Bush (1988-1992), planejava enviar o então vice-presidente Dan Quayle em uma série de visitas pela América do Sul, “em missão de esclarecimento sobre a intervenção norte-americana” no Panamá.
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O documento, assinado pelo diplomata Celso Marcos Vieira de Souza, afirma que as autoridades norte-americanas relutaram em revelar diretamente quais países teriam apoiado a deposição de Noriega, mas utilizavam essa informação para legitimar a invasão. “Seus chefes de governo e altas autoridades têm manifestado privadamente apoio à iniciativa norte-americana no Panamá para remover o regime de Noriega, ressalvando contudo não poderem fazê-lo de público por motivos óbvios”, diz o texto.
O despacho menciona, porém, uma entrevista concedida pelo então subsecretário de Estado, Lawrence Eagleburger, em que ele afirma que os governos da Venezuela, da Colômbia e da Argentina, defendiam abertamente a saída de Noriega em debates na OEA (Organização dos Estados Americanos), nos oito meses que antecederam a operação.
Os EUA entraram no Panamá, em dezembro de 1989. Com milhares de paraquedistas, derrubaram e prenderam Noriega, com a acusação que ele realizava lavagem de dinheiro e tinha envolvimento com tráfico de drogas.
Em abril de 2010, Noriega, que estava preso nos EUA, foi extraditado para a França, onde três meses depois foi condenado a mais sete anos de prisão, também por lavagem de dinheiro e narcotráfico. Atualmente, cumpre pena na prisão de La Santé, em Paris.
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