Novo embaixador dos EUA no Brasil ressalta vantagem de comprar caças da Boeing
Novo embaixador dos EUA no Brasil ressalta vantagem de comprar caças da Boeing
O governo dos Estados Unidos tomou uma decisão sem precedentes ao permitir que a Boeing transfira tecnologia ao Brasil caso vença a concorrência para fornecer caças para a Força Aérea Brasileira, disse hoje (4) o novo embaixador dos Estados Unidos no país, Thomas Shannon.
“É parte da nossa diplomacia comercial, mas é também uma demonstração de confiança no Brasil. Estamos dispostos a dar este passo juntos, o que no passado não era possível”, afirmou o diplomata, que assumiu oficialmente o posto ao entregar as credenciais ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Ele disse que a Boeing tem um bom produto que merece a atenção do Brasil, mas destacou que esta é apenas uma concorrência comercial. “França e Suécia são amigos, aliados dos EUA. Independentemente do resultado, isso não vai afetar a nossa relação com o Brasil em termos de cooperação e segurança”, afirmou. Ele não comentou a notícia divulgada hoje pelo jornal Folha de S.Paulo segundo a qual o presidente Lula já teria batido o martelo em favor do caça francês Rafale – informação desmentida pelo Ministério da Defesa.
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Depois de quase um ano de governo Barack Obama, Shannon teve sua indicação para a embaixada brasileira aprovada no Senado norte-americano na véspera de Natal. Hoje, após o encontro protocolar com Lula, ele deu também a primeira entrevista coletiva, em que destacou os pontos de convergência e minimizou as divergências tanto nas relações bilaterais quanto nos temas multilaterais em que os dois países estão envolvidos e, na maior parte dos casos, em lados opostos.
Diplomata de carreira que foi nos últimos quatro anos secretário de Estado adjunto para o Hemisfério Ocidental, Shannon disse que é fácil e comum que qualquer pessoa encontre vários pontos de divergência entre duas grandes potências, como Brasil e EUA. “A diplomacia tem de encontrar as convergências e trabalhar nas divergências sem atrapalhar as relações nas questões em que não temos visões semelhantes. Nossas relações bilaterais têm condições de crescer muito, com benefícios mútuos”, afirmou.
Ele avaliou como positiva a participação do Brasil nas negociações com o Irã sobre seu programa nuclear, mas disse não ver disposição por parte dos iranianos para resolver a questão. Para o diplomata, é bom que o Brasil e outros países possam se comunicar diretamente com o Irã, a fim de transmitir a seus líderes as preocupações da comunidade internacional com a falta de transparência do programa nuclear. “Todos queremos esse diálogo, mas temos de ver se eles [os iranianos] querem também o diálogo, e até o momento parece que não”, disse.
Antonio Cruz/ABr

Presidente Lula recebe as credenciais do embaixador Thomas Shannon
Focos de tensão
Em relação ao golpe militar em Honduras, outro foco de tensão recente, Shannon disse acreditar que a diplomacia deve ser mais baseada em fatos e menos em ideologia ou retórica. “O principal fato em Honduras foi a eleição presidencial no final do ano. Esperamos que outros países também vejam isso como uma solução para trazer o país novamente à democracia e permitir que ele se reintegre à OEA [Organização dos Estados Americanos]”, disse. Embora o Brasil, às vésperas e mesmo após as eleições hondurenhas de novembro, tenha se negado a reconhecer o resultado do pleito conduzido pelo governo golpista, Shannon disse que já conversou com o governo brasileiro sobre o tema e que “os diálogos são positivos”.
Sobre a polêmica em relação aos atritos entre militares brasileiros e norte-americanos na ajuda ao Haiti, o embaixador se limitou a dizer que todos queriam ajudar o mais rápido possível, mas que, dada a destruição provocada pelo terremoto, isso era difícil. Ele fez questão de elogiar a liderança brasileira da Minustah (Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti), lembrando que o trabalho já vinha sendo feito com sucesso havia alguns anos e será ainda mais importante agora. Shannon também ofereceu condolências aos brasileiros mortos na tragédia, especialmente o vice-chefe da Minustah, Luiz Carlos da Costa, que ele conhecia bem.
O Brasil está se preparando para aplicar a retaliação comercial contra os Estados Unidos autorizada pela Organização Mundial do Comércio (OMC) em função dos subsídios proibidos que os norte-americanos oferecem aos produtores de algodão. Shannon confirmou que há negociações para que se tomem medidas a fim de evitar a retaliação, mas não quis entrar em detalhes, afirmando que esse é um assunto da competência do USTR (o Representante de Comércio dos EUA). “Só gostaria de reafirmar nosso desejo de uma solução sem a aplicação da retaliação, porque isso pode acabar provocando uma contra-retaliação, e aí todos perdem.”
O embaixador americano comentou ainda sobre a crise política na Venezuela. “O país está passando por um momento difícil. Acho que é importante, em momentos de crise política, que se abra espaço para todo o povo venezuelano. Nossa mensagem para governo venezuelano seria esta, de não reprimir, mas ouvir a população.”
Visita de Hillary
Segundo Shannon, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, lhe disse que quer marcar sua viagem ao Brasil o mais rápido possível, e por isso ele já conversa com o governo brasileiro para acertar a data da visita, que servirá de preparação para a vinda do presidente Barack Obama.
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