A senadora Isabel Allende, filha do ex-presidente chileno Salvador Allende (1908-1973), afirmou, nesta quinta-feira (01º/09), que o novo sepultamento dos restos de seu pai “fecha um ciclo” para a família, mas a justiça deve “continuar investigando” as violações dos direitos humanos.
“Para a família se fecha um ciclo, mas isto não significa que se fecha um ciclo para a Justiça. A Justiça tem que continuar investigando as causas da morte e a localização dos corpos que ainda não foram encontrados”, disse Isabel em declarações à imprensa, em companhia da sua irmã, Carmen Paz Allende, e de sua filha Marcia Tambutti.
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Allende governou o Chile entre 1970 e 1973. No domingo, quando é comemorado o 41º aniversário da sua eleição como presidente, seus restos serão novamente enterrados no mausoléu familiar. Eles foram exumados em maio, para uma investigação sobre as causas de sua morte, que aconteceu em setembro de 1973, durante o golpe de Estado e ataque ao Palácio presidencial da Moeda, enquanto a investigação confirmou a causa como suicídio.
O sepultamento será assistido apenas pela família, mas antes da cerimônia, será realizado um ato público na Praça da Paz. O médico Óscar Soto discursará em nome dos colaboradores que acompanharam Allende em suas últimas horas. A neta do ex-presidente, Maya Fernández Allende, vereadora em Santiago, também discursará para o público.
“A figura do presidente Allende convida aqueles que se identificam com sua mensagem, que era a de conquistar um socialismo com democracia, pluralismo e liberdade. Ele foi um homem que buscou sempre o diálogo, e que se caracterizou pelo respeito às instituições”, ressaltou Isabel Allende.
A senadora esclareceu que nenhuma autoridade foi convidada para o sepultamento porque não será um funeral de Estado. De fato, este é o terceiro enterro do político chileno. Allende foi sepultado pela primeira vez em um cemitério de Viña del Mar, à noite, sem testemunhas e em um túmulo sem nome, por ordem do regime de Augusto Pinichet, que derrubou seu Governo em setembro de 1973.
Somente em 1990, com o retorno da democracia no Chile, o funeral de estado aconteceu. “Não é fácil passar por isto, mas não somos a única família nesta situação. Isto é parte da história deste país, ter de desenterrar para identificar e voltar enterrar”, disse Isabel.
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