O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu toma posse nesta quinta-feira (29/12), em Jerusalém, quase dois meses após as eleições de 1° de novembro. Ele estará à frente de um governo formado por uma coalizão de direita ultranacionalista, cuja postura conservadora gera preocupações.
Netanyahu apresentou nesta manhã sua equipe ministerial aos deputados do Knesset, o Parlamento em Jerusalém, antes de um voto de confiança que esperado sem muito suspense, já que sua coalizão tem a maioria das cadeiras.
O futuro primeiro-ministro anunciou a nominação do ex-ministro de Inteligência Eli Cohen à frente das Relações Exteriores. Na véspera, ele tinha indicado que Yoav Gallant, um ex-comandante das Forças Armadas de Israel, próximo do movimento pró-colonização na Cisjordânia ocupada, para a pasta da Defesa.
A missão do governo será de “combater os esforços do Irã para obter arsenal nuclear”, “de garantir a superioridade militar de Israel na região” e ao mesmo tempo “aumentar o círculo de paz” com os países árabes, declarou Netanyahu ao Parlamento.
Governo ultranacionalista
Esta é a sexta vez que Netanyahu, do partido conservador Likud, ocupa o cargo de primeiro-ministro. Ele volta ao poder após dois anos na oposição.
Mas Netanyahu já enfrenta críticas internas e externas após costurar a coalizão mais direitista dos 75 anos de Israel, apenas com partidos ultranacionalistas e ultraortodoxos, cujas plataformas incluem leis que, para os críticos, podem estremecer as bases democráticas do país.
'Lei da Discriminação'
Uma delas, chamada de “Lei da Discriminação” poderá dar a comerciantes e prestadores de serviços o direito de não atender clientes por motivos ideológicos ou religiosos.
Permitirá que um médico se recuse a atender a um paciente se isso violar sua crença ou que um dono de hotel homofóbico rejeite clientes da comunidade LGBTQI+.
Math Knight
Benjamin Netanyahu apresentou seu novo governo diante do Parlamento israelense, o Knesset, em Jerusalém
O assunto mobiliza a sociedade civil e coloca na berlinda o próximo presidente do Knesset, Amir Ohana, que é abertamente gay e faz parte de uma coalizão com pouquíssimas mulheres: apenas 14 entre os 64 membros.
A nova coalizão também dará ao novo ministro da Segurança Nacional, o ultranacionalista Itamar Ben-Gvir, um controle sem precedentes sobre a Polícia – o que inquieta a minoria árabe.
O novo governo também deve promover políticas para anexar partes da Cisjordânia, o que preocupa setores mais à esquerda e aliados externos como os Estados Unidos.
Manifestações
No exterior do Parlamento, uma manifestação foi organizada para expressar a decepção e a preocupação de uma parte da população. “O goveno da vergonha”, gritavam os manifestantes durante o debate da posse da nova coalizão.
“É terrível. Esta é a única palavra que eu posso dizer, é o que está acontecendo em Israel e eu fico impressionada que as pessoas achem isso normal, que o Likud siga como ovelhas Benjamin Netanyahu”, diz Edna, uma manifestante.
A mobilização organizada por 40 associações da sociedade civil a favor da paz, pelas liberdades, contra a coerção religiosa, da qual também participaram militantes de organizações LGBT.