Há duas semanas, em crítica sarcástica a Barack Obama, seu adversário republicano nas eleições presidenciais, John McCain, avisou. “O presidente tem mais Czares a seu serviço que os Romanov”, referindo-se à última dinastia imperial russa.
Posto dessa forma, na quarta-feira (10) Obama nomeou outro “Czar”: Kenneth Feinberg, que irá presidir a comissão que decidirá os salários dos executivos mais bem pagos das empresas que receberam ajuda governamental, no marco de uma ampla reforma do sistema financeiro.
Feinberg, que coordenou a entrega de indenizações às vítimas e famílias de vítimas dos ataques de 11 de setembro de 2001, foi nomeado para decidir os níveis salariais dos 100 executivos mais importantes de grandes empresas, suas compensações extraordinárias e despesas de representação.
Ele também tem autoridade para criar um regulamento de comportamento para as empresas bancárias e financeiras que recebem um quantidade “extraordinária” de dinheiro do governo, adiantou o secretário do Tesouro, Timothy Geithner.
“O presidente quer acabar com as viagens em jatinhos e primeira classe e as férias em Aspen às custas dos acionistas e clientes dos bancos”, explicou.
Feinberg se junta a uma tropa de elite nomeada por Obama, dentro de seus poderes executivos e sem consultar o Congresso; virtuais “Czares” com amplos poderes nos setores que lhes foram confiados e que apenas respondem ao presidente.
Até o momento já foram nomeados sete representantes em setores como o a indústria automobilística e na recuperação dos setores bancário, de seguros, de segurança fronteiriça e de combate ao narcotráfico.
Revelação dos salários
Geithner explicou a uma comissão do Senado que os poderes de Feinberg são justificados pela “vergonha que representaram os salários exagerados” do meio bancário e que contribuíram “para a falência do setor”.
E, “como exemplo da transparência que a administração quer dar a tudo isto, os salários dos executivos serão expostos para conhecimento dos acionistas”, cujas opiniões “serão tomadas em conta” por Feinberg, acrescentou Geithner.
Geithner não quis adiantar se a administração quer colocar um limite máximo aos salários, que podem giram em torno de 5 milhões e 10 milhões dólares. Mas nos corredores do Congresso fala-se que o topo poderia não ultrapassar os 750 mil dólares anuais, sem compensações ou férias pagas e outros benefícios.
O secretário do Tesouro também pediu ao Congresso que autorize a legislação que regula a US Securities and Exchange Comission, para que a agência – independente e responsável por fazer cumprir as leis federais e regular as bolsas de valor e mercados de ação – possa obrigar as grandes empresas a informar os acionistas os salários dos executivos. A divulgação pública dos salários é proibida por lei e sua confidencialidade tem sido um problema sério no relacionamento do Congresso com a Casa Branca.
Até hoje, Geithner resistiu a todos os esforços de senadores e deputados federais para que se divulguem os salários dos executivos das empresas que receberam dinheiros públicos.
Reação
Mas o plano de Obama de nomear um Czar para controlar salários não agradou a muitos. Inclusive, democratas.
Para o deputado federal democrata Barney Frank, presidente do comitê financeiro da Câmara de Deputados, o trabalho de Feinberg pode ser “irrelevante”, porque ele vem do setor bancário e “seguramente irá se rodear de gente do mesmo tipo, com tendência a ser generosa ao momento de outorgar pacotes de compensação e benesses a velhos conhecidos”.
Entre as empresas que serão reguladas pelo “Czar” das finanças, encontram-se o Bank of America e o Citigroup, os únicos dois bancos do grupo dos 12 maiores do país que ainda não conseguiram completar seu processo de recuperação porque suas ações não se valorizaram, desde que o governo da administração de George W. Bush colocou em ação o plano de recuperação bancária em outubro passado.
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