O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse hoje (29) que vai intervir para que o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, volte à presidência do país. Para ele, Zelaya continua sendo o presidente do país. Afirmou também que o golpe perpetrado por militares é “ilegal”.
“Não queremos voltar ao passado negro. Queremos sempre apoiar a democracia”, disse o presidente, que vai trabalhar junto à OEA (Organização dos Estados Americanos) e outros países e instituições para que o presidente hondurenho retome o cargo.
Horas antes, a secretária de Estado, Hillary Clinton, havia afirmado que os Estados Unidos não suspenderá a ajuda econômica a Honduras e que a “prioridade imediata é restabelecer a ordem democrática plena”.
Apesar do repúdio em Washington, o ativista de direitos humanos argentino Adolfo Pérez Esquivel, prêmio Nobel da Paz em 1980, acusou a CIA, serviço secreto dos Estados Unidos, de participação no golpe, em carta aberta aos Presidentes dos países do continente americano, ao secretário-geral da OEA, às Igrejas, movimentos e organizações populares.
“Novamente surgem no continente os golpes militares apoiados pelo Pentágono e a CIA e pelos grupos de poder econômico, eclesiástico e político que não querem mudança nenhuma e estão dispostos a impor novamente governos ditatoriais nos países que tentem promover mudanças estruturais e a conquista da soberania e autodeterminação dos povos”, afirmou.
Leia também artigo do cientista político Atílio Boron intitulado “Com a indelével marca da CIA”, no jornal argentino Página 12.
A diplomacia brasileira não reconheceu o substituto de Zelaya. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista, criticou a deposição do presidente. “Não importa as divergências, isso todo país tem. O que não pode é golpe militar”.
Apesar disso, o Itamaraty adiou a volta do embaixador Brian Michael Fraser Neele, mandando-o permanecer em Honduras, enquanto vários outros do continente americano retornaram a seus países.
Apoio
A campanha para que Zelaya seja restituído tem apoio de vários países e organismos internacionais, como ONU (Organização das Nações Unidas), OEA (Organização dos Estados Americanos), Alba (Alternativa Bolivariana para as Américas), Mercosul e União Europeia, entre outros.
Em reunião de emergência da Alba em Manágua, na Nicarágua, a porta-voz do governo da Nicarágua, Rosario Murillo, esposa do presidente Daniel Ortega, declarou: “Manágua se transforma hoje na capital da democracia, em um momento em que se está travando uma batalha fundamental para que se garanta o retorno à ordem constitucional em Honduras e a restituição imediata do presidente Manuel Zelaya”. Segundo ela, os presidentes da Alba estão preparando uma declaração “contundente sobre o respeito aos direitos políticos, sociais e econômicos do povo hondurenho”.
Enquanto isso, o presidente interino Roberto Micheletti, do Partido Liberal, o mesmo de Zelaya, vai colocando pessoas de confiança no governo. Já nomeou Gabriela Núñez como ministra de Finanças, Adolfo Sevilla na Defesa, Nicolás García no Trabalho e Desiré Rosales como titular do Conselho Hondurenho de Ciência e Tecnologia.
Mídia
Enquanto a mídia nacional é declaradamente contra Zelaya, a ponto de ter tratado o golpe como uma troca normal de presidente (veja montagem abaixo com as capas dos principais jornais), a imprensa internacional tem relatado censura e prisão de alguns jornalistas.
A emissora venezuelana Telesur afirmou que membros de sua equipe jornalística em Honduras foram detidos hoje, pouco após receberam ameaças por parte do que chamam de “governo de fato” hondurenho. A CNN em espanhol também foi proibida de fazer transmissões do país.
Protestos
Protestos de manifestantes a favor de Zelaya que se reuniram na frente do palácio presidencial, na capital Tegucigalpa, foram abafados por policiais com apoio de dois helicópteros e gás lacrimogêneo. Organizações sociais calculam que quase 30 pessoas foram presas.
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