O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pretende retirar cerca de dois terços do contingente no Iraque até 31 de agosto de 2010, quando, segundo ele, devem acabar os conflitos no país – que nunca cessaram desde a derrubada de Saddam Hussein, em 2003. Isso significa retirar de 92 mil a 107 mil efetivos, dos 142 mil estacionados atualmente no Iraque. Os demais permanecerão no país e a retirada completa se dará no final de 2011.
O plano de retirada foi anunciado hoje por Obama, em discurso na base militar de Lejeune, na Carolina do Norte. “Falando da forma mais clara possível: em 31 de agosto de 2010, os combates acabarão no Iraque”, declarou o presidente.
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Após o anúncio, fontes da Casa Branca esclareceram, sob condição de anonimato, que o cronograma de saída do Iraque não é novo. Reconheceram que a data foi definida pela administração George W. Bush junto às autoridades iraquianas e que Obama decidiu aceitá-la, como concessão às chefias militares, apesar de ter prometido a retirada total nos primeiros 16 meses de seu mandato, ou seja, até maio de 2010.
Aparentemente, o presidente foi pressionado pelo secretário da Defesa, Robert Gates, e pelo almirante Mike Mullen, chefe do Estado-Maior, para se ater ao cronograma definido pelo antecessor.
Obama não quis definir cotas mensais de retirada, para que os próprios militares o façam. “Eles decidirão se as coisas se aceleram ou não”, disse uma das fontes. No entanto, o mais provável é que o grosso das tropas só saia em 2010, porque este ano ainda haverá várias eleições no Iraque.
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Num primeiro momento, as forças norte-americanas que ficarão no Iraque assumirão uma missão mais limitada, focada em três áreas específicas: treinamento, fornecimento de equipamentos e aconselhamento das forças de segurança iraquianas. O objetivo é proteger civis e conduzir operações em conjunto com as forças iraquianas.
A presidente da Câmara dos Deputados, a democrata Nancy Pelosi, admite que é necessário manter por ora um contingente de soldados, mas questiona a quantidade. “Não imaginei um número tão grande. Pensei em 20 mil, um pouco mais de um terço [do que efetivamente ficará no país]”, afirmou antes do anúncio oficial, baseada em reportagem que já havia revelado as informações.
O líder da maioria no Senado, Harry Reid, um dos maiores entusiastas da retirada das tropas, também havia se revelado surpreso com a permanência de 50 mil combatentes.
O conflito no Iraque, iniciado em março de 2003, após a invasão do Exército dos Estados Unidos, já vitimou mais de 4.250 militares norte-americanos.
McCain elogia Obama
John Bolton, embaixador dos Estados Unidos nas Nações Unidas durante o governo de George W. Bush, afirmou, em entrevista à rede de notícias iraniana Press TV, que o desejo de Obama de deixar o Iraque fará do país do Oriente Médio uma nação “mais fraca e perigosa”. “Tenho claro que a segurança dos Estados Unidos está em risco com essa administração”.
Bolton acrescentou que o governo Obama não tem “pulso forte” com os outros países, como por exemplo a Rússia. “Querem voltar a um relacionamento íntimo com os russos e isso nos colocará em uma posição inferior”.
Já o senador John McCain, rival de Obama nas eleições presidenciais, apoiou o plano. Em discurso no Senado, segundo a CNN, o republicano considerou a decisão de Obama razoável e afirmou que sua cautela “pode levar ao sucesso na operação”. “Estamos no caminho certo”.
(Colaborou Rui Ferreira)
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