Em discurso apaziguador, o presidente interino de Honduras, Roberto Micheletti, afirmou que estaria disposto a antecipar as eleições presidenciais, marcadas para 29 de novembro, caso o fosse solicitado pela OEA (Organização dos Estados Americanos). “Totalmente de acordo, sempre dentro da lei, não tenho nenhuma objeção se por acaso esta for uma maneira de solucionar os problemas”, afirmou Micheletti. Hoje (3), o secretário-geral da OEA, Miguel Insulza, viajará para Honduras para se encontrar com os líderes do governo interino, em mais uma tentativa de recolocar Zelaya no poder.
Argentinos protestam contra o golpe de Estado em Honduras, carregando fotos do ex-ditador militar argentino, Jorge Rafael Videla – Cézaro De Luca/EFE (02/07/2009)
Michelleti, que esta semana pediu à comunidade internacional que não isole o país e prometeu explicar as razões que levaram ao golpe de Estado, disse ainda que não se oporia a um referendo para decidir se os hondurenhos querem ou não a volta de Zelaya ao poder, mas acrescentou que isso não poderia ser feito agora, porque este é um momento “extremamente difícil” para o país.
“Para a tranquilidade e a paz do país, eu preferiria que ele não voltasse. Não quero que haja uma gota de sangue derramada em nosso país”, disse. “Todos que acompanharem o presidente deposto serão recebidos com todo carinho, e ele também, porque é um irmão, mas ele tem alguns crimes pelos quais tem de pagar”, reiterou Micheletti.
Durante sua permanência em Honduras, Insulza notificará aos atores políticos hondurenhos sobre o término do ultimato de 72 horas aprovado pela Assembleia da OEA, para que Zelaya fosse reinstalado no poder.
O presidente nomeado reiterou que o governante deposto “não pode voltar ao comando da República”, e que o Parlamento já nomeou Micheletti para completar o mandato de quatro anos, que termina em 27 de janeiro de 2010.
Zelaya chegou ontem a El Salvador, onde foi recebido com expressões de apoio e se reuniu depois em particular com o chefe de Estado salvadorenho, Mauricio Funes.
Apreensão
Nas ruas de Tegucigalpa, o clima é de apreensão, segundo a BBC. Apesar da aparente impressão de tranquilidade, o governo interino teria imposto limitações aos órgãos de imprensa e o país vive um toque de recolher, entre 22h e 5h da manhã.
Durante estas horas, não se vê ninguém nas ruas e, ao longo deste período, o governo se permite restringir as garantias constitucionais de liberdade pessoal, associação, circulação e tempo de detenção.
Os únicos que estão isentos do toque de recolher são os serviços médicos, os órgãos de socorro e de segurança e veículos responsáveis pela distribuição de jornais.
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