O Comitê de Emergência da OMS (Organização Mundial da Saúde) elevou hoje (29) o alerta da gripe suína para o nível 5 o que, segundo o informe da instituição, significa que uma pandemia é iminente. O último estágio do alerta, o 6, indica que a pandemia já existe. A aparição de casos de pessoas contaminadas que não estiveram no México – onde surgiu o primeiro caso de contaminação pelo vírus – foi determinante para elevar o alerta, pois isto prova que a transmissão entre pessoas já está acontecendo em pelo menos dois países.
“Está claro que o vírus está se espalhando, não há sinais de que esse processo está ficando mais lento”, disse nesta quarta-feira Keiji Fukuda, diretor-assistente da OMS para saúde, segurança e meio ambiente em Genebra, Suíça, logo após a reunião de emergência da entidade.
Também foi confirmada hoje a primeira morte causada pela gripe suína fora do México. Um bebê mexicano de 23 meses morreu no Texas, onde visitava parentes. O governo dos Estados Unidos afirmou que o número de infectados no país subiu de 65 para 91 em dez estados.
Até o momento, dez países já confirmaram casos da gripe suína. Além de Estados Unidos e México, a doença também foi registrada na Alemanha, Áustria, Canadá, Costa Rica, Espanha, Grã-Bretanha, Nova Zelândia e Israel. Trinta e seis casos suspeitos estão em avaliação no Brasil, de acordo com o ministro da Saúde, José Gomes Temporão.
O que fazer?
A decisão de ativar o nível cinco de alerta significa que as ações dos governos devem passar da preparação à resposta em nível global, para tentar reduzir o impacto na sociedade. Após iniciado o comitê de emergência de cada país, o principal é ter bem abastecida a rede de distribuição de remédios ou tratamentos disponíveis.
Além disso, os países devem avaliar de forma completa se precisam de ajuda externa, e solicitá-la se for necessário, para ajudar não só a própria população, mas evitar que a pandemia se estenda aos países vizinhos.
Os países que ainda não estiverem afetados pela pandemia precisam também ativar um comitê de crise que esteja preparado para distribuir as vacinas e aplicar as medidas necessárias para contê-la. Mas a OMS, especificamente, não recomenda o fechamento das fronteiras para as pessoas e mercadorias, as desinfecções generalizadas, o uso de máscaras para as pessoas que estiverem saudáveis, a restrição de viagens no interior do país, a não ser que a zona de infecção esteja muito delimitada.
Conforme explica Francisco Aoki, médico infectologista do Hospital das Clínicas da Unicamp, o fechamento de fronteiras é atualmente desnecessário. “A iniciativa da Argentina, de fechar as fronteiras, foi um exagero, que só serve para criar pânico. Deve-se tomar as medidas acertadas, como as do governo brasileiro, de bloquear potenciais casos, trabalhando com a população civil e o sistema de saúde público para evitar casos e bloquear a transmissão por parte de pessoas doentes”.
De acordo com Aoki, somente o número de casos revelará se o país tem capacidade de lidar com a doença. Todavia, acredita que a experiência com o surto de gripe aviária em 2005 contará a favor do Brasil. “Em 2005 foi criado um plano para articular o sistema de saúde e agora esse plano está sendo rearticulado com as devidas modificações. O sistema teve que ser readaptado porque a transmissão agora se dá entre humanos, e isso facilita o contágio”, afirma.
Perigo da auto-medicação
O Tamiflu, medicação apontada pela OMS como eficaz contra os sintomas da gripe suína, teve seu estoque mundial bastante reduzido com o início do surto. A diretora geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Margareth Chan, disse hoje que o órgão mantém quase 3,5 milhões de doses de Tamiflu doados pela fabricante Roche Holding. A OMS também está negociando com a companhia um aumento na capacidade de produção do medicamento para combater a gripe suína.
Para o infectologista da Unicamp, é recomendável que o remédio não seja usado pela população sem indicação médica. “A utilização precoce – ou de pessoas sem a gripe suína ou de pessoas com a gripe há 24 horas – reduz o efeito do tratamento, e pode causar depressão da medula óssea em casos de superdosagem (diminuição da produção de células sangüíneas que pode causar anemias graves, entre outros problemas)”.
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