Onda de violência no México alimenta disputa entre governo e oposição
Onda de violência no México alimenta disputa entre governo e oposição
O PRI (Partido Revolucionário Institucional), que governou o México durante quase todo o século passado e hoje está na oposição, pediu esta semana à Comissão Permanente do Congresso Nacional o comparecimento do secretário de Segurança Pública, Genaro García Luna, para dar explicações sobre possíveis irregularidades relacionadas à operação realizada pela Marinha que resultou na morte do narcotraficante Arturo Beltrán Leyva, conhecido como “Chefe dos Chefes” ou “A Morte”, do cartel dos Beltrán Leyva.
Os deputados e senadores do PRI pedem que Luna, político de perfil técnico ligado ao governista PAN (Partido Ação Nacional), dê explicações sobre violações aos direitos humanos supostamente cometidas na operação de 16 de dezembro passado, na localidade de Cuernavaca, a 75 quilômetros da Cidade do México, onde morreu o chefe do narcotráfico.
Arturo Beltrán Leyva, um dos líderes mais perigosos do narcotráfico mexicano, era responsável pela área financeira do cartel de Sinaloa, do “Chapo” Guzmán, e, posteriormente, foi fundador do cartel dos irmãos Beltrán Leyva, uma das organizações criminosas mais poderosas do país. Sua morte ocorreu após o confronto com oficiais da infantaria da Marinha do México. No dia 30 de dezembro, o irmão dele, Carlos Beltrán Leyva, foi preso em Culiacán, no estado de Sinaloa.
Além da suposta violação aos direitos humanos, a operação também recebeu queixas de moradores próximos do local onde ocorreu o enfrentamento. Eles afirmam que não foi dada nenhuma orientação para garantir a proteção da população e que, portanto, correram perigo de morte.
Os cartéis do narcotráfico mexicano estão, de fato, ocupando o lugar dos colombianos no tráfico e distribuição de drogas em nível mundial, numa escala de violência jamais registrada anteriormente no país. As guerras entre cartéis resultam em milhares de mortos, em uma onda de violência difícil de combater.
A eliminação do “Chefe dos Chefes” se soma aos mais de 17 mil mortos ligados ao narcotráfico desde 2006, sob o governo do presidente Felipe Calderón.
Vingança
No dia seguinte à morte de Beltrán Leyva, a família de Melquisedec Angulo Córdova, um dos oficiais da Marinha morto no enfrentamento, foi assassinada como represália. A ação foi combinada entre o cartel de Los Zetas e o dos irmãos Beltrán Leyva, com a participação de policiais de uma corporação de Tabasco, como informou o procurador-geral da Justiça de Tabasco, Rafael González Lastra, e o comandante da 30a Zona Militar, José de Jesús Ramírez.
Segundo a Agência Antidrogas dos Estados Unidos (DEA, na sigla em inglês), que forneceu informações às forças armadas mexicanas para a operação que levou à morte do “Chefe dos Chefes” e à prisão do irmão dele, Carlos, Beltrán Leyva e sua organização eram uma das prioridades do governo desde novembro de 2008.
Os agentes da DEA tiveram mais informações sobre os Beltrán Leyva com as prisões de Gerardo Garay Cadena, encarregado da Polícia Federal Preventiva (PFP), e do comandante da mesma corporação, Édgar Bayardo del Villar, em 2008, já que eles revelaram que a organização do “Chefe dos Chefes” e o cartel de Sinaloa recebiam proteção de funcionários do primeiro escalão da Secretaria de Segurança Pública Federal, dirigida por Genaro García Luna.
Após a revelação à DEA, Bayardo del Villar se transformou em testemunha e estava sob proteção da Procuradoria Geral da República (PGR). Mesmo assim, o comandante foi assassinado em 1º de dezembro, em uma cafeteria da colônia Del Valle, na Cidade do México.
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