Em meio à disputa territorial entre a Venezuela e a Guiana, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, viajou nesta terça-feira (28/07) para Nova York, com o objetivo de pedir a mediação da ONU (Organização das Nações Unidas) na solução do conflito. Após o encontro com o secretário-geral Ban Ki-moon foi anunciado o envio, por parte das Nações Unidas, de uma comissão de “bons ofícios” a Caracas.
Além de ativar a comissão, Ban se comprometeu a estabelecer um encontro entre o mandatário venezuelano e seu homólogo da Guiana, David Granger, em setembro, como informou seu porta-voz.
Agência Efe
Maduro concedeu entrevista coletiva após o encontro
Ban ofereceu repetidamente o envio de missões aos dois países para avançar no tema e reiterou que ambos os governos deixaram claro seu compromisso com solução diplomática.
Em declarações fornecidas após o encontro, Maduro afirmou que compareceu a Nova York para denunciar as supostas violações da Guiana com relação ao Acordo de Genebra e defender canais diplomáticos para resolver a disputa.
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Em 1987, os países decidiram aceitar o mecanismo de “bons ofícios” previsto pela ONU para resolver a controvérsia.
Durante a cúpula do Mercosul, realizada recentemente em Brasília, a Unasul (União de Nações Sul-Americanas) acordou a realização de uma reunião para debater o conflito territorial entre os países. De acordo com Maduro, no entanto, ele foi extraoficialmente informado de que Granger “se nega a participar dessa reunião”.
TeleSUR
Imagem mostra região que está sendo reclamada por ambos os países e que foi decretada como sendo venezuelana
O impasse diplomático entre os países levou ao congelamento das relações entre Maduro e Granger.
Entenda a disputa
Para pleitear a posse do território, a justificativa da Venezuela afirma que o país, durante o período colonial, foi despojado das terras da chamada Guiana Esequiba. Além disso, argumenta ter sofrido pressão de potências europeias e EUA para assinar em fevereiro de 1897 o Tratado de Arbitragem, que formalizou a perda de160 mil quilômetros quadrados de seu território.
Quando a Guiana se tornou independente da Grã-Bretanha, em 1966, foi assinado o Acordo de Genebra entre Reino Unido e Venezuela, onde esta argumentou, diante das Nações Unidas, que foi vítima de desalojamento no Laudo de Paris e que “por isso não tem validade e não existiu, e não é possível convalidar o que não existiu”.
Desde a década de 1960, portanto, é mantida a disputa entre os países. Como a região está em reclamação, toda a atividade realizada nela tem que ser aprovada por ambas as nações. A área em disputa representa, inclusive, mais de 50% do atual território da Guiana — cuja totalidade não é reconhecida por Caracas.
A tensão entre as nações escalou após a empresa norte-americana Exxon Mobil ter anunciado, em maio, a descoberta de grandes reservas de petróleo na região. A companhia pretende explorá-las com o apoio do governo da Guiana.
Guiana
Já o mandatário guianês defende que seu país está comprometido com a não agressão entre Estados. Granger pediu que os demais países do Mercosul “ajudem esse pequeno Estado a defender sua soberania e a integridade de seu território”.