Onze pessoas morreram e pelo menos 17 ficaram feridas em um atentado ocorrido no último sábado (07/09) contra uma comunidade indígena maia na Guatemala. Os moradores da localidade de Kakchikel, em San José Nacahuil (sudoeste do país), de apenas 7 mil habitantes, se opõem pacificamente à construção de uma mina na região e alegam sofrer uma campanha de intimidação por parte das empresas extrativistas. Segundo líderes comunitários, o ataque foi realizado com a participação de policiais civis.
De acordo com o Ministério do Interior, a chacina ocorreu em decorrência de uma guerra de gangues. No entanto, a alegação foi rechaçada pela população local que, desde 2005, expulsou a polícia e passou a organizar sua própria segurança. Oito das vítimas foram mortas em um restaurante recém-inaugurado.
Agência Efe (08/09/13)
População da comunidade indígena de Kakchikel chora a morte de onze pessoas em chacina
A administração local divulgou um comunicado crítico à versão do Ministério do Interior, exigindo que o massacre não sirva de pretexto para militarizar o território. Também lembraram que os índices de criminalidade na comunidade diminuíram com a saída da polícia há oito anos. No entanto, segundo o jornal Prensa Libre, o ministério pensa em reinstalar forças policias no território depois do crime.
O crime
De acordo com a versão da comunidade, por volta das 22h45 do último sábado, uma patrulha policial ingressou na área e começou a revistar bares, apreendendo bebidas alcoólicas. Começaram a perguntar o nome dos proprietários e exigiriam falar com eles. Fizeram revistas ostensivas e anotaram o nome de vários moradores.
Um dos parentes do proprietário da cantina disse que a polícia chegou sem aviso e exigiu verificar o alvará do estabelecimento, pedindo propina para liberar sua comercialização. Como o dono do local se recusou, um dos policiais o advertiu para retirar “todos os menores de idade do local” e foram embora.
Já na versão da polícia, o proprietário local teria sido visitado por uma gangue que exigiu comprar garrafas de licor por preços baixos.
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Cerca de 20 minutos depois, o ataque ocorreu. Após a saída dos policiais, um grupo armado invadiu a comunidade em um carro não identificado e começou a disparar indiscriminadamente contra as pessoas nas ruas centrais. O alvo principal foram as pessoas dentro da cantina, mas pedestres e pessoas em outros estabelecimentos comerciais também estão entre as vítimas.
Ativismo
A comunidade indígena participa de um movimento de resistência pacífica contra a construção da mina de El Tambor, localizada nas redondezas. Desde 2010 se organizam em um movimento social de resistência frente aos impactos ambientais que a obra produz.
Os grupos realizam bloqueios em frente ao acampamento de La Puya, em frente à mina depois que, no ano passado, um morador vizinho ao empreendimento impediu a passagem de um caminhão por sua propriedade. Em apoio, as comunidades indígenas locais passaram a ocupar o local.
Agência Efe (08/09)
Polícia volta à comunidade Kakchikel, em San José Nacahuil, para investigar chacina
A construção do empreendimento começou em 2011, coordenada por uma parceria entre a empresa norte-americana KCA (Kappes Kassiday & Asocciates) e a guatemalteca Exmingua (Exploraciones Mineras de Guatemala S.A.), e acabou parcialmente paralisado devido aos protestos. A comunidade de Nacahuil impediu recentemente o ingresso de veículos da empresa distribuidora de eletricidade.
O movimento de resistência pacífica de La Puya alertou em um comunicado que, desde 31 de agosto, os ativistas passaram a ser intimidados pela polícia civil e avistaram a presença de carros-patrulha que nem mesmo pertencem à circunscrição jurídiac da região. Líderes do movimento pediram ajuda à Procuradoria de Direitos Humanos da Guatemala, apresentando uma queixa contra a direção da Polícia Civil e pedindo justificativas das rondas irregulares.