O líder da oposição alemã, Friedrich Merz, prometeu fortalecer os controles de fronteira e aumentar as deportações caso ganhe as eleições antecipadas no país. Ele representa a aliança de centro-direita entre a União Cristã Democrática (CDS) e a União Social Cristã (CDS).
Seu grupo lidera com boa margem as pesquisas de intenção de voto para as eleições gerais de 23 de fevereiro. Em segundo lugar, está o partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD).
As declarações de Merz foram realizadas na quinta-feira (23/01), um dia após um afegão ter sido preso por atacar com faca um grupo de crianças em um parque na cidade de Aschaffenburg. O suspeito, de 28 anos, matou duas pessoas, incluindo uma criança, e feriu gravemente outras duas.
O homem tinha antecedentes de violência, tratamento psiquiátrico e havia prometido deixar o país por vontade própria, após ter seu pedido de asilo negado.
“Isso não pode continuar. Devemos e iremos restabelecer a lei e a ordem. (…) Estou farto de tais atos de violência (…) de agressores que vieram até nós em busca de proteção. Tolerância equivocada é completamente inapropriada”, disse Merz.
Ele acrescentou que “todos os imigrantes ilegais” deveriam ser mandados de volta na fronteira, inclusive os que buscam proteção contra guerra e perseguição política. Também pediu o aumento dos centros de detenção de imigrantes e se disse pronto para emitir uma “proibição de fato” da entrada de estrangeiros sem autorização.
Fim da livre circulação de europeus na Alemanha
Merz também criticou as leis de asilo e de imigração da União Europeia (UE) e propôs que a Alemanha deixe de permitir em seu território a livre circulação de europeus que norteia o bloco.
Ele prometeu que, se eleito, introduzirá controles permanentes em todas as fronteiras do país.

Friedrich Merz lidera as pesquisas para a eleição de 23 de fevereiro
Com isso, a coalizão de centro-direita faz coro com a extrema direita a Alternativa para a Alemanha (AfD) nas propostas de combate à imigração.
Alice Weider, líder da AfD, defende a deportação em massa de imigrantes e requerentes de asilo.
O tema de restringir a imigração, que já era importante na Alemanha, vem dominando o debate eleitoral após uma série de ataques violentos. Embora o partido esteja em segundo lugar nas pesquisas, enfrenta uma forte rejeição e há um acordo entre os demais partidos de não se aliarem com ele.
Em dezembro, um médico saudita anti-muçulmano e com declaradas simpatias de extrema direita atropelou centenas de pessoas em um mercado de rua em protesto pelas leis de imigração “permissivas” do país que o acolheu.
Atual governo já endureceu leis
Em agosto, três pessoas morreram e oito ficaram feridas em um atentado a faca reivindicado pelo Estado Islâmico. A polícia prendeu um suspeito sírio. Em junho, um policial morreu esfaqueado supostamente por um afegão, em um protesto anti-islâmico.
Após o último ataque, o primeiro-ministro Olaf Scholz endureceu as regras sobre facas em locais públicos, limitou os benefícios aos requerentes de asilo e agilizou a deportação dos que tiveram pedido de asilo negado.
Sholz é do Partido Social Democrático da Alemanha (SPD), que tem origens trabalhistas ligadas a organizações sindicais. Fundado em 1890, é o partido alemão mais antigo. Transitou de propostas socialistas a uma orientação mais social-democrata, compromissada com a manutenção do estado do bem-estar social, mas sem questionar a economia de mercado.