A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) autorizou o envio imediato de navios ao mar Egeu nesta quinta-feira (11/02) para deter contrabandistas de pessoas que levam refugiados da Turquia para a Grécia.
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou, contudo, que a missão não pretende “barrar ou levar de volta os barcos de refugiados”. Segundo ele, o objetivo da Otan é “contribuir com informação e vigilância para ajudar a combater o tráfico humano”.
A medida foi tomada a pedido de Turquia, Grécia e Alemanha, durante uma reunião de ministros da Defesa em Bruxelas. De acordo com Stoltenberg, a decisão foi feita para ajudar Grécia e Turquia a “lidar com a trágédia humana de uma maneira melhor do que nós temos lidado até o momento”.
Agência Efe
Reunião de ministros da Defesa onde Grécia e Turquia pediram ajuda internacional
A patrulha inicial contará com três navios comandados pela Alemanha, mas de acordo com Stoltenberg vários membros da organização ofereceram enviar reforços à frota. Segundo um porta-voz do Comitê Europeu, o plano é “uma espécie de prévia” da proposta da organização de criar uma guarda costeira europeia.
Quase 75 mil refugiados chegaram na Grécia pelo mar apenas em 2016 e cerca de 400 pessoas morreram tentando realizar a travessia da Síria para o país europeu, segundo o Acnur, agência da ONU para refugiados, .
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Turquia
O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, ameaçou, durante um discurso nesta quinta, enviar os milhões de refugiados que estão no país para a União Europeia, caso não recebesse ajuda.
Em Ancara, o líder turco intensificou o tom de suas reclamações sobre as políticas de refugiados do Ocidente, confirmando que teria ameaçado os líderes da União Europeia durante uma reunião em novembro, dizendo que a Turquia poderia “dar adeus” aos refugiados.
“Não temos a palavra ‘idiota’ escrita em nossas testas. Seremos pacientes mas faremos o que precisarmos fazer. Não pensem que os aviões e ônibus estão lá por nada”, reiterou Erdogan.
O país, onde se encontram cerca de três milhões de refugiados atualmente, está sendo pressionado pela UE e pelas Nações Unidas para receber mais centenas de milhares de sírios que fogem da guerra, cujos combates se intensificaram na cidade de Aleppo, uma das maiores do país.
Agência Efe
Refugiados desembarcam na ilha grega de Lesbos
Aylan Kurdi
Também na Turquia, dois homens suspeitos de tráfico de refugiados entraram em julgamento, nesta quinta-feira, acusados de terem provocado a morte de Aylan Kurdi, a criança síria cuja foto chocou o mundo.
Os sírios Muwafaka Alabash e Asem Alfrah foram acusados das mortes de mais quatro pessoas, incluindo a mãe e o irmão de Aylan, Galip e Rihan, e podem ser sentenciados a 35 anos de prisão cada um.
A agência de notícias turca Dogan ainda disse que o pai de Aylan e Galip, Abdullah Kurdi, que sobreviveu ao naufrágio que matou sua família, também é acusado por sua abstenção durante o desastre, mas as autoridades turcas não sabem de seu paradeiro e acreditam que ele tenha saído do país.