Logo após ter sua vitória confirmada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o presidente eleito de Honduras, Porfirio Lobo, declarou que 11 países disseram aceitar o pleito de domingo (29), realizado sob um regime golpista, com o presidente legítimo Manuel Zelaya abrigado na embaixada brasileira e não reconhecido pela maioria da comunidade internacional. No entanto, ao menos três deles não confirmaram a informação: Alemanha, França e México.
O governo alemão não fez qualquer menção às eleições. Ontem (30), parlamentares da oposição adiantaram que pedirão o rechaço à votação. “As eleições foram ilegais”, disse Wolfgang Gehrcke, porta-voz do grupo socialista na Câmara Baixa. Segundo ele, o posicionamento oficial do país deve ser apresentado amanhã.
Em pronunciamento oficial, a França lamentou que as eleições tenham sido realizadas “fora da ordem constitucional” e afirmou que a legitimidade do novo governo só se dará com a participação de todos os atores políticos. Apesar disso, o porta-voz da chancelaria, Bernard Valero, disse a jornalistas que o processo de reconciliação é o “único caminho que dará legitimidade às novas autoridades”.
Já o presidente mexicano, Felipe Calderón, declarou na 19ª Cúpula Ibero-Americana, em Estoril (Portugal), que a realização das eleições não é suficiente para o restabelecimento da ordem constitucional e advertiu para o “retrocesso” da democracia na América Latina.
Porfirio Lobo afirmou também que Colômbia, Costa Rica, Panamá, Japão, Itália, Suíça, Indonésia e Emirados Árabes Unidos também reconheceram o pleito. Até o início da tarde de hoje, somente os três primeiros haviam confirmado a informação.
A favor
O presidente colombiano, Álvaro Uribe, foi o primeiro chefe de Estado a reconhecer o resultado das eleições. Ele destacou o processo “democrático”, “de alta participação, sem fraudes “. Os dados sobre participação variam muito de acordo com a fonte. Zelaya afirma que houve 65% de abstenção, enquanto o TSE garante que a participação foi de 61%, um dado que tiraria o peso do boicote promovido pela frente de resistência ao golpe.
Panamá e Peru também apoiaram. O presidente da Costa Rica, Oscar Arias, não apenas reconheceu a eleição como disse que pretende convencer colegas a fazerem o mesmo.
Em Washington, o porta-voz do Departamento de Estado, Ian Kelly, elogiou o povo hondurenho “pelo exercício pacífico de seu direito democrático para eleger seus governantes” e expressou disposição para cooperar com todos em Honduras, em comunicado. Os Estados Unidos condenaram o golpe, mas depois apoiaram a realização de eleições, mesmo sem a volta de Zelaya ao poder.
Contra
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou, na Cúpula Ibero-Americana, a postura brasileira. “Não, não, não, não. Peremptoriamente não”, afirmou. “Este cidadão (Lobo) tem o direito de fazer as gestões que achar que deve fazer. Se acontecer alguma coisa, vamos discutir a coisa nova. Por enquanto, a posição brasileira é de não aceitação do processo eleitoral em Honduras”.
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Recém-eleito presidente, o uruguaio Jose “Pepe” Mujica repudiou a eleição, em discurso alinhado com o atual presidente, Tabaré Vázquez. O presidente de El Salvador, Mauricio Funes, também condenou as eleições e disse que elas “não são a solução para a crise”. A presidente argentina, Cristina Kirchner, declarou que o pleito foi realizado na “mais completa ilegalidade”.
As eleições em Honduras são uma “farsa” que completam o “golpe legal” planejado pelos EUA, disse o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, em sua coluna dominical “Las líneas de Chávez”. Chávez opinou que se trata de uma nova “estratégia do Império” para dar golpes de Estado que tenham aparência “legal”.
O Equador reiterou em comunicado o repúdio às eleições e pediu que a comunidade internacional faça o mesmo. “Não existem as condições para que se desenvolva um processo eleitoral, evidentemente essas eleições estão absolutamente viciadas e não devem ser reconhecidas pela comunidade internacional”, assinalou o chanceler Fander Falconi.
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