Após a abertura dos colégios eleitorais de Honduras, diversos países da América do Sul, entre eles o Brasil, a Venezuela, o Equador e o Uruguai, reafirmaram sua posição de não reconhecer um pleito realizado sob a ditadura de Roberto Micheletti.
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, reiterou hoje (29) que o país não considera legítimas as eleições gerais que acontecem em Honduras.
“Não achamos que sejam legítimas eleições que foram conduzidas com o presidente Zelaya fora do poder, com um país imerso em um longo período de sítio, e com repressão contra a população”, disse Amorim à Agência EFE.
O presidente venezuelano, Hugo Chávez, voltou a afirmar que as eleições hondurenhas são uma “farsa” que completa o “golpe legal” planejado pelos Estados Unidos.
“Não pode ter outro nome do que farsa, o que é a segunda etapa de um golpe de Estado”, disse o presidente em sua coluna dominical na imprensa. Ele disse ainda que isto é uma nova “técnica do império” para dar golpes de Estado que tenham aparência “legal”.
O governo do Equador também reiterou, em comunicado emitido por e-mail, que não reconhecerá as eleições. Na sexta-feira, o presidente equatoriano, Rafael Correa, pediu à União Europeia (UE) que não o faça se realmente está “com a democracia” e afirmou “se isso for permitido no início do século 21, qualquer coisa será permitida”.
Lados opostos
O presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, afirmou que as eleições que acontecem hoje em seu país e em Honduras “estão no pólo oposto”.
Ele disse também que “o governo uruguaio não vai reconhecer [quem sair vencedor nas eleições hondurenhas], porque surge de uma decisão ilegal tomada por um governo de facto”.
“O caminho em Honduras deveria ter sido restituído ao presidente eleito livre e democraticamente pelo povo hondurenho, e depois realizar eleições livres”, enfatizou Vázquez.
Asilo
O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, disse neste sábado que “não é certo” que esteja “pedindo asilo no Brasil, nem em outro país”, em entrevista por telefone à Agência EFE da Embaixada do Brasil em Tegucigalpa.
Um jornal de São Paulo informou hoje da possibilidade que Zelaya estivesse pensando em se exilar em caso de finalmente não recuperar o cargo antes que o candidato vencedor das eleições assuma o mandato.
“Essa é uma especulação, não sou um improvisado, tenho 35 anos de luta, não tenho tempo nem espaço para isso, escolhi uma posição que é defender um direito do povo, não o meu mesmo”, expressou o presidente deposto.
Zelaya também se referiu às eleições deste domingo em seu país, que rejeita por considerá-las “ilegais” e culpou os Estados Unidos e o regime de facto de Roberto Micheletti de terem feito um acordo para deixá-lo fora da disputa eleitoral.
“As eleições não mudam nada, continua o golpe de Estado em Honduras, estas eleições são ilegítimas e amanhã os resultados do povo são que 50% não vai participar do processo”, assegurou.
Ele disse também que quando o resultado das eleições for conhecido, então “os Estados Unidos terão que vir para reconhecê-las e a retificar sua posição ambígua” sobre o golpe de Estado em Honduras.
Segundo Zelaya, ele foi deixado fora do processo porque seus adversários sabem que há prefeitos, vereadores e deputados que o apoiam e “que estão sendo reprimidos pelos militares, mas o mundo está guardando silêncio sobre isso”.
“Eu sempre continuarei lutando para derrotar esta ditadura”, enfatizou Zelaya, que, enquanto as votações estarão acontecendo, disse que estará “ocupado com algumas coisas”, que não disse quais são.
Manuel Zelaya continua na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa, onde permanece desde 21 de setembro, exigindo que seja restituído no poder.
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