O papa Francisco sinalizou, nesta quinta-feira (18/02), em voo de retorno a Roma, uma possível concessão ao uso de anticoncepcionais diante da epidemia do vírus zika, com o intuito de evitar a microcefalia em bebês — má-formação craniana possivelmente relacionada à incidência do vírus em grávidas. Para o pontífice, os anticoncepcionais são um “mal menor” ante o aborto que, para ele, é um “crime”.
“Evitar a gravidez não é um mal absoluto em certos casos”, disse Francisco. Ele lembrou que o papa “Paulo VI, em uma situação difícil na África [a guerra no Congo belga] permitiu que as freiras usassem anticoncepcionais para os casos em que fossem violentadas.
Agência Efe
Papa falou com jornalistas em voo de volta a Roma, após visita de seis dias ao México
Ele, porém, descartou o aborto como reação ao vírus. “O aborto não é um mal menor, é um crime, é o que a máfia faz”, defendeu Francisco
A Igreja Católica proíbe tanto o uso de anticoncepcionais quanto o aborto. Inclusive, o Vaticano divulgou uma nota na terça-feira (16/02) afirmando estar preocupado com os pedidos de líderes internacionais de aumentar o acesso ao aborto devido ao surto da doença.
“Não só o aumento do acesso ao aborto é uma resposta ilegítima ao surto, mas, como acaba com a vida de uma criança, é fundamentalmente não preventivo”, argumentou o Vaticano.
Pesquisadores acreditam que o zika possa estar relacionado à ocorrência de microcefalia em bebês cujas mães contraíram o vírus quando grávidas. A relação deve ser confirmada, ou não, pela Organização Mundial da Saúde nas próximas semanas.
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Donald Trump
Aos jornalistas, o pontífice afirmou ainda que Donald Trump “não é cristão”, após o pré-candidato republicano dizer que deveria ser construído um muro na fronteira dos EUA com o México para impedir a entrada de imigrantes.
“Uma pessoa que pensa apenas em construir muros, onde quer que seja, e não em construir pontes, não é cristão”, disse Francisco. O papa, contudo, se recusou a dizer se a população deveria votar no empresário.
Como propostas de governo, Trump quer deportar os quase 11 milhões de imigrantes mexicanos sem documento que vivem nos EUA e disse que pretende forçar o governo do México a pagar pela construção de um muro na fronteira entre as duas nações. Para o pré-candidato, o país vizinho envia “estupradores e criminosos”.