Terça-feira, 13 de maio de 2025
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Nova Déli acusa Islamabad por um atentado ocorrido em 22 de abril, que matou 26 civis na parte da Caxemira administrada pela Índia. Ninguém assumiu responsabilidade pelo ataque, no qual o Paquistão nega qualquer envolvimento.

“O Paquistão realizou hoje um teste de lançamento bem-sucedido do sistema de armas Abdali, um míssil superfície-superfície com alcance de 450 quilômetros”, disse o exército em um comunicado, sem especificar o local do exercício. “O lançamento teve como objetivo garantir a prontidão operacional dos soldados e validar parâmetros técnicos importantes, incluindo o sistema de navegação avançado e os recursos avançados de manobrabilidade do míssil”, explicou o texto.

O chefe do exército Syed Asim Munir enfatizou na sexta-feira, durante uma reunião com oficiais superiores, sobre o “impasse atual”, “a importância crucial de maior vigilância e preparação proativa em todas as frentes”.

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Em resposta, Nova Déli ampliou suas medidas de represália econômica contra Islamabad e interrompeu os serviços postais. As autoridades indianas também bloquearam as contas nas redes sociais de várias celebridades paquistanesas, incluindo atores e jogadores de críquete, um esporte popular em ambos os países, e a conta do Instagram do ex-primeiro-ministro paquistanês.

Fontes militares indianas relataram trocas de tiros durante a madrugada, pela nona noite consecutiva, entre os exércitos ao longo da Linha de Controle (LoC), que divide ao longo de 770 quilômetros a disputada região de maioria muçulmana. Os dois países travaram várias guerras desde a independência da região como colônia britânica, em 1947.

Escalada entre as duas potências gera temores de conflito.
@PakistanFauj X

Para Hassan Askari Rizvi, analista militar no Paquistão, o lançamento do teste de um míssil deve ser entendido como um alerta de Islamabad. “Isso indica claramente que temos os recursos para enfrentar a Índia. Não é apenas uma mensagem para a Índia, mas também para o resto do mundo, de que estamos bem preparados”, disse ele à AFP.

Na terça-feira, o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, deu sinal verde para uma “resposta” militar após o ataque de Pahalgam. Na sequência, o Paquistão disse ter “informações confiáveis” sobre um ataque indiano iminente.

“Qualquer aventura indiana encontrará uma resposta determinada”, disse Munir às tropas paquistanesas nesta semana, durante exercícios militares em Punjab, que faz fronteira com a Índia. Prevendo uma ação militar, a Caxemira paquistanesa fechou suas 1.100 escolas corânicas por dez dias. Nas 6.000 escolas públicas que ainda estão abertas, as autoridades locais lançaram treinamento de primeiros socorros há alguns dias.

EUA e China reagem

Em entrevista à Fox News, o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, pediu que Nova Déli respondesse de uma forma que “não levasse a um conflito regional mais amplo”. Também clamou ao Paquistão “garantir que rastreia e contém terroristas que às vezes operam em seu território”.

A China, por sua vez, pediu “contenção”. Mas as autoridades de ambos os lados mantiveram suas posições: o ministro das Relações Exteriores da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, exigiu que aqueles que “perpetraram, apoiaram e planejaram” o ataque de Pahalgam sejam “levados à justiça”, enquanto o primeiro-ministro paquistanês, Shehbaz Sharif, acusou mais uma vez a Índia de “provocações” e “busca de escalada”.

Após uma enxurrada de sanções diplomáticas, acordos rompidos e vistos cancelados em ambos os países, as declarações beligerantes se repetem a cada dia, levando os 15 milhões de habitantes da Caxemira — dos lados paquistanês e indiano — a viverem sob o temor de uma nova guerra.

Em 2019, após um ataque aos seus soldados, a Índia realizou um bombardeio aéreo no Paquistão, ao qual Islamabad retaliou. Em reação, o Paquistão capturou um piloto indiano e as hostilidades cessaram rapidamente graças à mediação americana.

A Índia também acusa seu vizinho de financiar e treinar insurgentes que exigem a independência ou a anexação da Caxemira Indiana ao Paquistão desde 1989. Islamabad nega e afirma apoiar a luta pela autodeterminação, além de denunciar abusos de direitos humanos na região.

Com informações da AFP