O governo da Venezuela decretou nesta terça-feira (26/04) a redução para dois dias da semana de trabalho do setor público para tentar combater os efeitos do El Niño, que provocou uma crise hídrica e elétrica no país.
A medida determina que funcionários de órgãos públicos trabalharão apenas às segundas e terças-feiras, “com exceção daqueles que exercem tarefas fundamentais”, explicou o vice-presidente venezuelano, Aristóbulo Istúriz, durante o anúncio, transmitido pela TV estatal do país.
Agência Efe
Crise hídrica e elétrica provocou cortes de luz e fez governo reduzir semana de trabalho para setor público
“A Venezuela sofreu durante três anos por causa de uma seca intensa, a mais intensa dos últimos 40 anos, isto nos obriga a tomar esta série de medidas”, justificou ele. No início do mês, o governo já havia decretado feriado às sextas-feiras por tempo indeterminado para o setor público no país.
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, afirmou durante o anúncio que irá pedir ajuda humanitária para as Nações Unidas com o intuito de mitigar os efeitos que o fenômeno está tendo sobre a população.
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“O tema das mudanças climáticas e o tema da água já são uma questão grave da humanidade. Nós podemos encará-lo, nós podemos vencê-lo, sim, com novas fórmulas, com novas ideias, mas com consciência do que estamos vivendo”, afirmou Maduro.
El Niño no es un juego así que todos a combatir este fenómeno #ContactoConMaduro https://t.co/olr4wRX1r5
— Nicolás Maduro (@NicolasMaduro) 27 de abril de 2016
Oposição chama medida de “decreto de vagabundagem”
O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela e um dos principais líderes da oposição a Maduro, Henry Ramos Allup, afirmou por meio de sua conta no Twitter que a redução da semana de trabalho é um “decreto de vagabundagem”.
“Na Assembleia Nacional trabalharemos de segunda a sexta. Decreto de vagabundagem ditado pelo regime não nos paralisará”, escreveu ele.
En la AN trabajaremos de lunes a viernes.Decreto vagancia dictado por régimen no nos paralizará.
— Henry Ramos Allup (@hramosallup) 27 de abril de 2016
Seca provoca distúrbios em cidades venezuelanas
Os cortes de água, luz e a escassez de alimentos decorrentes da seca provocada pelo El Niño têm gerado revolta entre a população em diversas cidades venezuelanas.
Nas cidades de Maracay e La Guaira, nos estados de Aragua e Vargas, respectivamente, foram reportadas queimas de pneus e saques em locais de venda de alimentos. Em Maracaibo, no estado de Zulia, o governador Francisco Arias Cárdenas denunciou “ações desestabilizadoras” nesta quarta-feira (27/04).
Agência Efe
Protesto em Maracaibo contra os cortes de energia
“Sabemos que grupos de extrema direita financiam estes atos. Eles não farão com que chova nas nascentes dos rios. Afrontamos um fenômeno natural, acredito que as chuvas chegarão ao país”, tuitou o governador.