A entrega do Prêmio Nobel de Literatura ao escritor Mario Vargas Llosa teve especial impacto entre seus colegas no Peru. É a primeira vez que a premiação vai para um cidadão peruano e a sexta em que um autor latino-americano ganha. Na opinião de autores peruanos entrevistados pelo Opera Mundi, o reconhecimento da literatura de Vargas Llosa é o saldo mais positivo da premiação.
Para o escritor Alonso Cueto, autor de 14 livros, o Nobel de Literatura de Vargas Llosa é um retrato do reconhecimento que o autor tem junto a leitores do mundo todo. “Ele nunca procurou ser reconhecido ou ganhar prêmios. Sempre concentrou a vida no compromisso com a vocação pela literatura e em suas ideias”. Cueto, ganhador do Prêmio Herralde em 2005, foi curador em 2008 de uma importante exposição sobre o escritor: Mario Vargas Llosa: a liberdade e a vida. “Ele é um eexcelente autor de ficções políticas, históricas, intimistas, um ensaísta literário e cultural, e um grande jornalista, além de dramaturgo”, sublinhou.
Julio Villanueva, fundador e diretor da revista Etiqueta Negra, conhecida na América Latina e na Espanha por crônicas e reportagens de jornalismo literário, afirmou que o prêmio, apesar de ter sido dado a Vargas Llosa, é de toda a nação. “A notícia inflou nossa auto-estima. Por algumas horas falaremos menos de comida e mais de literatura. Melhor: vamos falar de literatura durante a refeição, ou da ausência da comida na literatura”, disse, rindo, em referência ao orgulho peruano por sua gastronomia. Villanueva compareceu à última edição da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty).
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Segundo a poeta e escritora Grecia Cáceres, doutora em Literatura, ela não conseguiu ver críticas na escolha do nome de Vargas Llosa. “Foi uma emoção pura, senti muito orgulho. Não houve espaço para crítica, mas admiração pela obra e respeito a alguém que realmente encarnou as contradições do nosso tempo”.
Tradutor de obras de poesia norte-americana e escritor, Martín Rodríguez Gaona concedeu entrevista por telefone desde Soria, Espanha: “Senti uma imensa alegria, mas de certa forma conflituosa. Apesar das diferenças específicas que tenho com Vargas Llosa, sua obra é elementar para qualquer escritor peruano. Livros como Dia Domingo e A cidade e os cachorros fizeram parte do início do meu amor com a literatura: isso merece agradecimento infinito”, disse Rodríguez.
Juan Gargurevich, autor de livros sobre a história do jornalismo peruano, escreveu Mario Vargas Llosa jornalista aos quinze anos (Mario Vargas Llosa reportero a los quince años), sobre o começo do escritor no jornalismo. “O conheci em 1959 no programa de rádio El Panamericano. Recebi a notícia com a alegria de um colega. Vargas Llosa é uma referência no jornalismo”, disse.
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