O presidente do Uruguai, José Mujica, considerou nesta quinta-feira (28/10) que a morte do ex-chefe de Governo argentino Néstor Kirchner (2003-2007) “mexe todo o tabuleiro” político na nação vizinha e poderá ter “repercussões” em seu país.
O líder sul-americano falou sobre o falecimento registrado na manhã desta quarta-feira (27/10) de um dos principais nomes da política atual local e grande nome do PJ (Partido Justicialista). Kirchner, que já havia passado por cirurgias em fevereiro e em setembro deste ano, sofreu complicações cardíacas.
“Era chefe do partido, e de que partido! De um partido que nunca se sabe que rumo vai tomar porque cabe nele [Carlos] Menem, e cabem outros, mas que tem uma incidência brutal na história argentina”, declarou Mujica à revista Búsqueda.
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Surgido nos anos 40 com um forte apelo trabalhista e sindical, o PJ congregou ao longo de sua trajetória diversas correntes, entre vertentes mais conservadoras e mais radicais. Nas eleições de 2003, em meio à crise iniciada depois do fim do mandato do peronista Menem (1989-1999), Kirchner venceu seu companheiro de partido — os dois foram ao segundo turno, e Menem desistiu do pleito.
Ambos são representantes de duas tendências muito diferentes que convivem dentro do PJ: enquanto Menem liderou uma gestão neoliberal, Kirchner representava uma ala mais à esquerda, representada por sua antiga militância na Juventude Peronista.
De acordo com Mujica — que compareceu hoje ao velório do argentino junto a sua esposa e senadora, Lucía Topolansky –, em seu país fica a “interrogação de como vai se mover daqui para a frente a política argentina, que não é um fato menor”.
Segundo ele, “obviamente o Uruguai não tem que intervir, mas as decisões que a Argentina toma de alguma maneira em matéria política podem repercutir aqui”. “Cria-se uma cota de relativa incerteza”, completou ele.
O chanceler argentino, Héctor Timerman, garantiu que Cristina seguiria governando mesmo após a morte do marido, que tinha grande influência sobre a administração. “Sei que é uma líder política e está preparada para assumir os compromissos que lhe cabem e governar este país”, declarou o ministro.
Ontem, a historiadora Graciela Römer disse à ANSA ver duas opções possíveis para o cenário político argentino. “A polarização política é intensificada, ou relaxa na busca de governabilidade; se reforçam os setores duros do governo ou emergem os conciliadores”, opinou ela.
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