Com o terremoto que atingiu o Haiti, o país pode se tornar uma nação cheia de órfãos. Metade dos quase 9 milhões de habitantes é formada por menores de 18 anos, e o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) estima que cerca de 1 milhão de crianças e adolescentes possam ter sido atingidos pela tragédia.
Diante dessa população jovem, outros países e órgãos internacionais estão considerando incentivar a adoção de crianças haitianas por pais estrangeiros. Contudo, para a porta-voz do Unicef, Véronique Taveau, a medida deve ser considerada “a última opção” e a agência teme a ocorrência de tráfico de menores.
“A posição do Unicef sempre foi a de que, qualquer que seja a situação humanitária, a reunificação familiar deve ser favorecida”, disse Taveau em entrevista coletiva.
A Convenção de Haia, assinada em 1993 por mais de 60 nações, estabelece que “cada país deveria tomar, com caráter prioritário, medidas adequadas para permitir a manutenção da criança em sua família de origem”. Entre outras metas, a convenção tenta prevenir sequestro, venda ou tráfico de menores.
Marco Dormino/ONU/EFE
Bill Clinton (fundo) dá entrevista no Hospital Geral de Porto Príncipe, onde pacientes aguardam no chão
Os Estados Unidos delinearam procedimentos especiais para parte dos órfãos haitianos. Hoje (19), chegaram ao país 53 crianças cujo processo de adoção já estava prestes a ser concluído antes do terremoto. Além disto, políticos cubano-americanos estão defendendo a adoção em massa, a exemplo do que aconteceu com crianças em Cuba.
Em Miami, a Igreja Católica quer aprovar uma proposta junto ao governo para permitir que milhares de crianças órfãs sejam definitivamente levadas ao território estadunidense. Tal sistema pode ser comparado à chamada “Operação Peter Pan”, em que 14 mil crianças cubanas foram levadas aos EUA mesmo ainda tendo pais vivos entre 1960 e 1962 – os primeiros anos da revolução em Cuba.
No Brasil, cerca de 200 pessoas já foram à embaixada haitiana em Brasília para saber informações sobre adotar crianças do Haiti.
No Canadá, haitianos temporariamente residentes no país terão permissão para estender a estadia e casos de adoção pendentes terão prioridade.
Ontem (18), o governo da Holanda enviou um avião carregado de funcionários da imigração do país para localizar 100 crianças que já estavam sendo adotadas por casais holandeses.
A entidade Kid Alive International, que cuida de orfanatos em vários países do mundo, divulgou uma nota oficial afirmando que levará 50 crianças para as casas do grupo na República Dominicana.
Taveau, do Unicef, disse não poder dar uma estimativa de quantas crianças ficaram órfãos ou foram atingidas pelo terremoto, mas disse que, “se as estimativas dizem que cerca de 2 milhões de pessoas foram afetadas e as crianças são a metade da população, é fácil calcular”.
*Com informações de agências internacionais
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