Forças paramilitares do Sudão mataram pelo menos 80 pessoas em um vilarejo no sudeste do país, em meio a uma guerra que já dura mais de um ano.
“Recebemos 55 mortos e dezenas de feridos no hospital na quinta-feira (15/08)”, disse à agência AFP uma fonte do centro médico de Jalgini, localidade situada no estado de Sennar, região onde as mortes aconteceram.
“25 feridos morreram nesta sexta-feira (16/08), levando o balanço de vítimas para 80”, acrescentou.
Segundo uma testemunha, homens armados atacaram Jalgini em três veículos militares na manhã da última quinta-feira. De acordo com seu relato, os moradores resistiram, e o comando voltou pouco depois com reforços.
“Eles abriram fogo, incendiaram casas e assassinaram diversas pessoas”, contou o homem à AFP.
O ataque ocorreu um dia depois do início das negociações em Genebra, na Suíça, para um cessar-fogo no conflito, que começou em abril de 2023, opondo os generais Abdel Fattah al-Burhan, chefe das Forças Armadas, e Mohamed Hamdan Dagalo, líder do grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF) e mais conhecido como Hemedti.
Antigos aliados, os dois se distanciaram em meio acusações mútuas de concentrar o poder após o levante militar no país tomar o poder e prender o primeiro-ministro Abdallah Hamdok e todos os líderes civis do governo em 25 de outubro de 2021.
Assim, enquanto Hemedti denuncia uma tentativa de restaurar o antigo regime que sustentava o ditador Omar al-Bashir, Burhan quer integrar as FAR no Exército para reduzir a autonomia do grupo.
Em junho passado, as RSF capturaram Sinja, capital de Sennar, estado que já registra mais de 700 mil deslocados, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM). No país todo, que tem 47 milhões de habitantes, a guerra já forçou mais de 10 milhões de pessoas a fugir de casa.
(*) Com Ansa