A Câmara dos Deputados da Argentina avaliou nesta quarta-feira (09/10) o veto do presidente Javier Milei ao projeto de lei que aumentaria o financiamento das universidades públicas. Porém, a decisão da maioria foi de respaldar a decisão do mandatário e barrar o reajuste.
A votação terminou com 160 parlamentares se posicionando de forma favorável ao veto de Milei, enquanto 84 se colocaram contra. Os que se abstiveram foram apenas cinco.
A Lei de Financiamento Universitário foi uma iniciativa das bancadas opositoras ao governo, que terminou sendo aprovada no Congresso em 12 de setembro. O projeto previa um aumento do orçamento das universidades públicas para sustentar gastos básicos das entidades estudantis, incluindo o reajuste salarial dos servidores de acordo com a inflação, depois que essa verba foi cortada em maio, com a aprovação da Lei Bases, medida com a qual Milei impôs um severo ajuste do gasto público argentino.
A lei aprovada em setembro recebeu o veto do presidente argentino no dia 2 de outubro, decisão que foi tomada apesar de um protesto multitudinário realizado naquele mesmo dia, em Buenos Aires – meios locais estimaram a participação em mais de 100 mil pessoas.
Os protestos continuaram tomando conta da capital nos dias posteriores, em função da perspectiva de veto por parte do presidente de extrema direita, mas não foram capazes de mudar sua decisão.
O resultado foi possível graças ao apoio maciço do partido Proposta Republicana, liderado pelo ex-presidente e empresário Mauricio Macri (2015-2019), cuja bancada na Câmara é maior que a do A Liberdade Avança, sigla fundada pelo atual mandatário.
Sindicatos anunciam greve
Minutos após a decisão da Câmara, a Frente Sindical das Universidades Nacionais da Argentina, que reúne diversos sindicatos de servidores universitários do país, convocou uma greve para esta quinta-feira (10/10).
Em um comunicado publicado em seus perfis em redes sociais, a entidade expressa seu “repúdio aos deputados que votaram contra o anseio popular de defesa da universidade”.
“Apelamos à greve e à consolidação do plano de luta em defesa do salário e do orçamento universitário”, acrescentou o texto do comunicado.
A Associação de Docentes da Universidade de Buenos Aires (UBA), maior universidade pública da Argentina, publicou uma mensagem em suas redes sociais dizendo que “a UBA está de luto”.
“Os legisladores ignoraram uma vez mais a demanda popular, em uma jornada vergonhosa, e colocaram em risco o futuro de todo um país”, protestou a entidade.
LA UBA ESTÁ DE LUTO
Los legisladores desoyeron una vez más el mandato popular. En una bochornosa jornada, pusieron en juego el futuro de todo un país. pic.twitter.com/zrjMDaq9td
— ADUBA Argentina (@ADUBAArgentina) October 9, 2024
Com informções do Página/12.