Partido de extrema direita da Holanda abandona coalizão e promove colapso do governo
Partido da Liberdade (PVV), do ultradireitista Geert Wilders, pressionava pelo endurecimento da política migratória no país
O Partido da Liberdade (PVV), liderado pelo ultradireitista Geert Wilders, anunciou sua saída da coalizão de governo da Holanda nesta terça-feira (03/06), o que pode levar à um colapso do governo liderado pelo primeiro-ministro Dick Schoof.
A decisão foi motivada por divergências em torno da política de asilo aos imigrantes no país. “Eu me inscrevi para a política de asilo mais rigorosa, não para a queda da Holanda”, afirmou Wilders, ao declarar que o apoio do PVV ao governo “termina aqui”.
Na plataforma X, ele publicou sinteticamente: “Nenhuma assinatura para nossos planos de asilo. Nenhum ajuste no Acordo Geral. O PVV deixa a coalizão”.
A coalizão, formada após seis meses de negociações e considerada a mais à direita da história do país, vinha enfrentando dificuldades para alcançar consensos desde sua posse em julho de 2024.
Analistas ouvidos por The Guardian avaliam que mesmo se os três partidos restantes se mantiverem no governo como minoria, a instabilidade e a fragilidade do gabinete liderado por Schoof o tornará impraticável.
É provável que novas eleições sejam realizadas no país. É o que defende o principal líder da oposição, Frans Timmermans, como “a única forma de formar um governo estável”.

Peter van der Sluijs / Wikimedia Commons
Schoof ainda não comentou publicamente o rompimento. No entanto, ele convocou uma reunião de emergência para hoje, às vésperas de o país sediar uma cúpula da Otan.
Política migratória
A saída de Wilders foi motivada por desacordos em relação à política migratória na Holanda. Ele apresentou uma proposta de contenção extrema da entrada de migrantes, que incluía o fechamento das fronteiras, expulsão imediata dos requerentes de asilo e o fim dos centros de acolhimento na Holanda. Medidas que violam tratados internacionais de direitos humanos.
Os demais partidos que integram a coalização de direita do governo holandês criticaram a decisão. Dilan Yeşilgöz, líder do VVD, a classificou como “super-irresponsável”, acusando Wilders de agir movido pelo ego e “fazer o país parecer um bobo”.
Caroline van der Plas (BBB) disse que o líder do PVV “colocou Geert Wilders em primeiro lugar, não a Holanda”. Nicolien van Vroonhoven (NSC) também criticou a ruptura, considerando-a “inacreditável e incompreensível”.
Não é a primeira vez que o líder da ultradireita holandesa abandona arranjos políticos. Em 2012, ele rompeu um acordo de apoio ao então primeiro-ministro holandês Mark Rutte.
Com The Guardian.
