Os partidos ambientalistas e de esquerda da Europa prometeram nesta sexta-feira (06/12) batalhar para barrar o acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia no Parlamento do bloco.
A aprovação no Europarlamento é uma das exigências para a entrada em vigor do tratado.
“Esse início de uma nova história pode ser bastante breve”, ironizou o copresidente do grupo Verdes, Bas Eickhout.
Ele afirmou que a Comissão Europeia, liderada por Ursula von der Leyen, “se esquece do Parlamento, onde não será fácil alcançar a maioria”.
Já o grupo A Esquerda fez coro aos Verdes e disse que o tratado é um “golpe devastador para os pequenos agricultores europeus, os padrões de saúde pública e os compromissos climáticos da UE”.
Em nota, o agrupamento condenou “firmemente” o acordo, que, segundo eles, “põe os lucros de multinacionais acima dos interesses das pessoas e do planeta”.
Acordo Mercoul-UE
Mais cedo nesta sexta, o Mercosul e a União Europeia anunciaram o acordo de livre comércio entre os dois blocos.
O tratado é negociado há 25 anos e pode criar um mercado de mais de 700 milhões de pessoas.
Se confirmado, este será o maior pacto comercial da história da humanidade.
Além de von der Leyen, o pronunciamento teve as presenças dos presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, da Argentina, Javier Milei, e do Paraguai, Santiago Peña, além do anfitrião Luis Lacalle Pou.
Um texto do acordo chegou a ser anunciado em 2019, mas nunca foi ratificado devido a preocupações ambientais.
Isso porque ocorreu na esteira da explosão dos incêndios na Amazônia sob o governo de Jair Bolsonaro.
Lula celebra acordo do Mercosul e União Europeia
O presidente do Brasil discursou nesta sexta-feira na 65ª Reunião de Cúpula do Mercosul, em Montevidéu, no Uruguai.
Lula exaltou a conclusão das negociações do acordo entre o bloco sul-americano e a União Europeia.
“Esta Cúpula tem um significado especial. Ela marca a conclusão das negociações do Acordo Mercosul-União Europeia, no qual nossos países investiram enorme capital político e diplomático, por quase três décadas”, declarou o mandatário brasileiro.
Leia o discurso de Lula na íntegra.
Protestos contra acordo Mercosul-UE
Porém, o anúncio chega em meio a protestos de agricultores europeus, que temem a concorrência de mercadorias do Mercosul com preços mais competitivos.
Von der Leyen, no entanto, garantiu que o tratado prevê “salvaguardas” para produtores da UE.
Pressionadas por agricultores, França e Polônia já se declararam contra o acordo, mas, até o momento, não possuem os votos necessários para impedir a ratificação e precisão do apoio de outros países.
O acordo agora será traduzido para todos os idiomas necessários, para depois ser submetido ao processo de assinatura.
Para entrar em vigor plenamente, no entanto, o texto terá de ser ratificado pelos parlamentos dos países do Mercosul e pelo Parlamento da UE, bem como pelo Conselho da União Europeia, órgão que reúne representantes dos governos dos 27 Estados-membros.
(*) Com Ansa.