Em uma improvável reviravolta, a Grécia avançou na possibilidade de formar um governo de coalizão. Após as tentativas do Nova Democracia (direita) e do Syriza (coligação de esquerda), coube ao Pasok (Movimento Socialista Pan-Helênico, centro-esquerda), que amargou o terceiro lugar na eleição legislativa deste domingo (06/05) a responsabilidade de formar um governo de coalizão para governar o país. E, nesta quinta-feira (10/05) o líder do partido, Evangelos Venizelos, está próximo de obter apoio com outro partido social-democrata, o Dimar (Esquerda Democrática).
Agência Efe
Reunião entre Venizelos e Kouvelis pode ser crucial para formação de novo governo
O anúncio foi feito após uma reunião de Venizelos com o líder do Dimar, Fotis Kouvelis. “Demos um primeiro passo”, disse Venizelos, ex-ministro das Finanças. Kouvelis se manifestou favorável à formação de um governo “ecumênico” cuja missão seria “manter o país na zona do euro”.
Na véspera, Kouvelis já havia acertado uma aliança com o Syriza à frente. Mas, como as duas legendas juntas não conseguiram formar a maioria do Parlamento, de 151 entre 300 membros, o jovem líder da nova esquerda, Alexis Tsipras, renunciou à tentativa. Coube então ao presidente do país, Karolos Papouilas, passar a responsabilidade ao Pasok.
Com a adesão do Dimar, que possui 19 deputados, Pasok (41) e Nova Democracia (108), poderão formar um governo de coalizão (168 de 300 membros) e dar continuidade às duras medidas de austeridade fiscal no país, que tem provocado revolta na população.
Logo após o anúncio do resultado das eleições, Antonis Samaras, líder do ND, obteve apoio apenas do Pasok, ironicamente seu rival histórico. Porém, juntos eles formavam apenas 149 deputados, dois a menos que o necessário. Resta agora saber se Samaras aceitará formar um governo com os outros dois partidos, com quem sempre teve divergências, e se, mesmo sendo majoritário, aceitará ficar fora do comando. A reunião entre Sâmaras e Venizelos vai ocorrer nesta sexta-feira. O acordo é visto com forte possibilidade de dar certo.
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A situação pode significar uma reviravolta não só à situação política de indefinição da Grécia, que estava na iminência de convocar novas eleições, como também para o próprio Pasok, que caiu em descrédito com a população. Em 2009, já no início dos efeitos da crise, ele havia vencido as eleições obtendo 160 vagas. Terminou o mandato com 129, já que muitos parlamentares se revoltaram com os rumos que o partido tomou, e ajudaram a formar novas legendas de esquerda, como a Syriza.
Os demais partidos represetados no plural Parlamento grego são o Gregos Independentes, direita conservadora e dissidência do ND), o KKE (comunistas tradicionais, que se recusou à aliar-se com o Syriza), e o Amanhecer Dourado (neonazista).
O Dimar tem propostas um pouco mais à esquerda do Pasok, mas se autodenominam social-democratas e pró-União Europeia. Resta saber se apoiarão a continuidade da implementação das medidas de austeridade.