Em uma longa postagem no Telegram, a primeira desde que foi detido, Durov afirma que é “surpreendente” que o responsabilizem pelo conteúdo publicado por outras pessoas.
“Utilizar leis de uma época anterior aos smartphone para punir executivos pelos crimes cometidos por terceiros na plataforma que administram é uma abordagem equivocada”, escreveu.
Durov, que raramente aparece ou fala em público, também rebateu as acusações de que o “Telegram é uma espécie de paraíso da anarquia”, as qualificando de “totalmente falsas”. Segundo ele, a plataforma exclui “milhões de publicações e canais nocivos diariamente”.
O empresário negou as acusações da França de que sua empresa não respondia às solicitações de suas autoridades e garantiu tê-las ajudado pessoalmente a “estabelecer uma linha de contato com o Telegram para lidar com a ameaça de terrorismo” no país.
Em tom mais conciliador, Durov também admitiu que o número crescente de usuários do Telegram (que ele contabiliza em 950 milhões no mundo) causou problemas “que tornam mais fácil para os criminosos abusarem da plataforma”.
Ele disse que a questão é uma de suas prioridades, que está sendo trabalhada “internamente” e que pretende revelar mais detalhes em breve. “Espero que os acontecimentos de agosto acabem tornando o Telegram (e a indústria das redes sociais em seu conjunto) mais seguras e fortes”, escreveu.
Mas Durov também advertiu que se o Telegram não estiver de acordo “no equilíbrio adequado entre privacidade e segurança” com os reguladores locais, então “estão dispostos a deixar o país”.
Elon Musk defendeu dono do Telegram
Depois de quatro dias de detenção na França, Durov, de 39 anos, foi alvo de várias acusações de que sua empresa não combateria o conteúdo extremista e ilegal publicado em seu aplicativo. Sua detenção despertou a solidariedade de outro empresário da tecnologia, o dono da rede X, Elon Musk, que publicou comentários com a hashtag #FreePavel (Libertem Pavel).
Durov foi detido no aeroporto de Le Bourget, nos arredores de Paris, aonde chegou em seu avião particular, e foi interrogado nos dias seguintes pelos investigadores. Ele teve direito à liberdade condicional após pagar uma fiança de € 5 milhões (cerca de R$ 30 milhões), com a condição de não deixar a França e se apresentar a uma delegacia duas vezes por semana.