Quarta-feira, 26 de março de 2025
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A Coreia do Sul, país que atualmente se encontra em “situação de emergência demográfica”, registrou, pela primeira vez em nove anos, um aumento na sua taxa de natalidade, de acordo com um informe publicado pela Statistics Korea nesta quarta-feira (26/02).

Segundo os dados preliminares computados pelo órgão governamental, o índice de fertilidade – ou seja, o número médio de bebês que uma mulher tem durante a vida – foi de 0,75 em 2024, tratando-se de um aumento de 0,03 em relação aos 0,72 registrados em 2023. O número de nascimentos em 2024 foi de 238.300, conferindo um aumento de 8.300, ou 3,6%, em comparação ao ano anterior.

Em 2023, a Coreia do Sul liderou disparadamente o pior índice de natalidade entre os 38 Estados-membros da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), uma vez que a média das nações que integram o órgão era de 1,56 filho por mulher. Além disso, desde 2018, o país asiático é o único da OCDE com uma taxa abaixo de 1,0 – um nível que o governo diz que espera alcançar até 2030.

Em julho de 2024, o presidente afastado Yoon Suk Yeol, do Partido do Poder Popular (PPP) de extrema direita, e que atualmente é alvo de investigações criminais e um julgamento de impeachment após tentativa de golpe em dezembro, declarou que a Coreia do Sul estava oficialmente em uma “situação de emergência demográfica”.

Enquanto o país compartilha de uma baixa taxa de natalidade, ele também apresenta uma das maiores expectativas de vida do mundo, ameaçando uma iminente instabilidade populacional e consequências no seu aclamado desenvolvimento econômico. Somado a esses fatores, a população geral está em declínio, com as mortes tendo superado o número de nascimentos em 120.000, no ano passado. Se essa for a tendência, a Statistics Korea relata que a população, que atingiu o pico de 51,83 milhões em 2020, deve encolher para 36,22 milhões até 2072.

Para reverter esse cenário, a gestão ultraconservadora de Yoon chegou a gastar bilhões de dólares lançando campanhas para “convencer” as mulheres “a se casarem e terem filhos”, além de incentivos fiscais destinados a recém-casados, com assistência ampliada em creches. As propostas, no entanto, foram duramente criticadas por grupos feministas e, sobretudo, por cidadãs sul-coreanas que relataram a Opera Mundi que as verdadeiras necessidades não estavam sendo atendidas pelo governo, como, por exemplo, medidas que combatessem a discriminação de gênero.

Reprodução/Yon Hap News Agency
A taxa de natalidade na Coreia do Sul registrou 0,75 em 2024, um aumento de 0,03 em relação aos 0,72 registrados em 2023.

Coreia do Sul quer imigrantes para combater declínio populacional

Durante uma coletiva em Seul nesta quarta-feira, o vice-presidente do Comitê Presidencial sobre Envelhecimento da Sociedade e Política Demográfica, Joo Hyung Hwan, comemorou o aumento da taxa de natalidade e disse que prevê uma tendência de alta nos próximos anos, ainda que de forma “cautelosa”.

“Essa recuperação é um passo importante para reverter a tendência de longa data das baixas taxas de natalidade do país, o que sugere que as políticas governamentais começaram a ter um efeito e cada vez mais ressoar com o público”, afirmou.

A migração também foi um assunto levantado pela autoridade sul-coreana, que defendeu políticas para incentivar a entrada de mais cidadãos do exterior como uma medida de combate ao declínio populacional.

“Em vez de colocar o foco da política apenas em como aumentar a taxa de natalidade, agora precisamos de uma perspectiva mais abrangente e conceber soluções como atrair mais estrangeiros”, destacou Joo. Em 2024, a Coreia do Sul registrou 2,65 milhões de imigrantes, representando cerca de 5% da população total.