Sexta-feira, 18 de abril de 2025
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O governo da China pediu nesta sexta-feira (14/03) que não se politizem assuntos comerciais adotando medidas discriminatórias “infundadas” contra empresas chinesas por causa da investigação da Huawei por suposta corrupção no Parlamento Europeu.

“A China sempre exigiu que suas empresas cumpram rigorosamente as leis e regulamentos dos países onde operam”, disse numa coletiva de imprensa a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, Mao Ning.

Ela acrescentou que Pequim espera que os outros países e empresas “respeitem as regras econômicas e comerciais internacionais e proporcionem um ambiente comercial justo, transparente e não discriminatório para as empresas chinesas na Europa”.

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As declarações foram uma resposta à investigação aberta em Bruxelas contra a Huawei, cujo lobistas são suspeitos de suborno, falsificação e branqueamento de capitais no Parlamento Europeu. A suspeita é de que lobistas da gigante tecnológica chinesa pagaram subornos a deputados europeus para que tomassem decisões favoráveis à empresa.

Prisões e apreensões de computadores

Cerca de 15 eurodeputados, atuais e já sem mandato, poderiam estar envolvidos, além de uma empresa com sede em Portugal. Caso se confirme o envolvimento de deputados ainda em exercício, a política belga disse que solicitará ao Parlamento Europeu a suspensão da sua imunidade, como ocorreu no escândalo anterior.

A Huawei declarou em comunicado que pratica “tolerância zero” com a corrupção e que contatará com urgência os investigadores para entender a situação.

a sede do Parlamento Euroeu
Wikimedia Commons
Sede do Parlamento Europeu com seus 720 assentos

Na quinta-feira (13/03), a polícia belga prendeu suspeitos e realizou buscas na sede da Huawei em Bruxelas e em 21 residências, na Bélgica e em Portugal. Os agentes confiscaram documentos e computadores. Não há notícias de buscas no Parlamento Europeu.

No centro das investigações está o lobista Valerio Ottati. Ele fornecia informações sobre a China para deputados italianos antes de ser contratado pela Huawei há seis anos.

Parlamento Europeu já manchado por escândalo anterior

O Parlamento Europeu reforçou suas regras de ética e transparência após o escândalo de corrupção envolvendo o Catar e Marrocos, em 2022. Os investigadores acusaram cinco eurodeputados de receber subornos para defender os interesses desses países, incluindo a então vice-presidente do Congresso europeu, que perdeu o cargo.

Um deles reconheceu seu envolvimento e fez um acordo judicial com os promotores, mas não houve condenação para os outros. Após o escândalo, o Parlamento suspendeu seus projetos com o Catar. Mas o caso deu munição para que políticos de extrema direita acusassem o órgão e a União Europeia de serem instituições corruptas.

Desde 2023, a Comissão Europeia recomenda a exclusão ou restrições à participação da Huawei nas redes 5G dos estados membros. A medida é amplamente apoiada pelos Estados Unidos, que tem uma política de contenção tecnológica contra a China.

O governo de Pequim, entretanto, vem rejeitando reiteradamente as acusações contra suas empresas de tecnologia. Segundo as autoridades chinesas, as preocupações relacionadas à segurança são apenas pretextos para restringir seu acesso aos mercados do ocidente.