China pede cancelamento ‘imediato’ das tarifas de Trump: ‘não há vencedores em guerra comercial’
Contra Pequim, os Estados Unidos aplicaram uma taxa de 34%, que se soma às tarifas de 20% sobre as importações do país, atingindo 54%
Lideranças de todos os países atingidos pelo tarifaço de Donald Trump, anunciado na tarde de quarta-feira (02/04), manifestaram-se contrários às taxas que afetam, principalmente, os países asiáticos, em particular a China.
Sob o pretexto de “reciprocidade”, o primeiro ato da guerra comercial de Trump afetará mais de 180 países e regiões com taxas básicas de 10%, subindo para 49% para nações como Camboja ou Vietnã. Contra os chineses, os Estados Unidos aplicaram uma taxa de 34%, que se soma às tarifas de 20% sobre as importações do país, atingindo 54%.
A União Europeia, por sua vez, recebeu um acréscimo de 20% em suas exportações para os Estados Unidos. As tarifas anunciadas se somam à série de taxas já aplicadas pelo país, como as taxas adicionais de 20% sobre todas as importações chinesas; de 25% sobre aço e alumínio; de 10% em energia do Canadá e a tarifa, que entra em vigor nesta quinta-feira (03/04), de 25% sobre todos os veículos (e eventualmente autopeças) importados.
Resposta chinesa
Em comunicado, o Ministério do Comércio da China (MOFCOM) pediu aos EUA que “cancelem imediatamente” as medidas tarifárias unilaterais e prometeu tomar “contramedidas resolutas” para proteger seus interesses.
“Os EUA criaram as chamadas ‘tarifas recíprocas’ com base em avaliações subjetivas e unilaterais, o que vai contra as regras do comércio internacional e prejudica seriamente os direitos e interesses legítimos das partes relevantes”, afirma o texto.
O governo chinês também destacou que aumentar tarifas “não só prejudicará os próprios interesses dos Estados Unidos, mas também colocará em risco o desenvolvimento econômico global e a estabilidade da cadeia de produção e fornecimento”.

“Não há vencedores em uma guerra comercial e não há saída para o protecionismo. A China pede que os Estados Unidos cancelem imediatamente suas medidas tarifárias unilaterais e resolvam adequadamente as diferenças com seus parceiros comerciais por meio de um diálogo igualitário”, defendeu Pequim.
Países da região
No começo da semana, China, Japão e Coreia do Sul se encontraram para pensar como fortalecer o comércio ante a iminência do anúncio desta quarta-feira.
Com o acréscimo de 24% nas importações, o presidente do Banco do Japão, Kazuo Ueda, disse ao Parlamento japonês que o impacto da política tarifária dos EUA sobre a economia global “é altamente incerto” e que “dependendo do alcance e da escala das tarifas dos EUA, elas podem ter um grande impacto sobre a atividade comercial de cada país.”
Ele também mencionou que “as tarifas podem afetar o sentimento e os gastos das famílias e das empresas.”
Já o ministro japonês do Comércio, Yoji Muto, afirmou: “as medidas tarifárias unilaterais adotadas pelos Estados Unidos são extremamente lamentáveis. Eu pedi, novamente, (a Washington) para não aplicá-las ao Japão”.
Com uma sobretaxa de 25% em suas exportações para os Estados Unidos, o presidente em exercício da Coreia do Sul, Han Duck-Soo lamentou o tarifaço de Trump. “Como a guerra comercial global se tornou uma realidade, o governo deve usar todos os seus recursos para superar a crise comercial”, afirmou.
Fortemente taxados
O governo taiwanês, taxado em 32% por Trump, considerou que a decisão é “muito pouco razoável” e lamentou “profundamente”, afirmou a porta-voz do gabinete, Michelle Lee. A tarifa não inclui os semicondutores, um dos principais produtos exportados por Taiwan.
Na Tailândia, a primeira-ministra Paetongtarn Shinawatra garantiu, sem dar detalhes, que seu governo tem um “plano forte” para responder às tarifas de 36% impostas por Trump às exportações de seu país.
Já em Bangladesh, a segunda maior produtora de roupas do mundo, os representantes da indústria têxtil afirmaram que vão perder compradores e classificaram a medida como um “golpe massivo”. O país teve um aumento de 37% em suas exportações para os Estados Unidos,
Após o anúncio das bolsas asiáticas fecharam em queda nesta quinta-feira.
Com TeleSur.
