Diversos jornalistas brasileiros estão se posicionando a favor da liberdade de Julian Assange, fundador do Wikileaks, que pode ser extraditado para os Estados Unidos, em uma campanha encabeçada pelo Comitê Carioca.
Para Carmen Diniz, coordenadora do Comitê Carioca, o objetivo da ação é fazer “justiça” ao jornalista, colaborando para o fim da “perseguição implacável” que o governo norte-americano “impõe” sobre ele.
“Temos que demonstrar que os povos do mundo não aceitam esse tipo de autoritarismo […] O judiciário do Reino Unido, se tomar essa decisão [de extraditar o ativista], apesar de todos os esforços, manifestações e reivindicações realizadas ao redor do mundo, perderá parte do respeito que ainda detém”, disse.
Até o momento, alguns vídeos dos jornalistas que aderiram o movimento já foram publicados no blog do Comitê, como Juca Kfouri, Emiliano José, Fichel Davit Chargel, presidente do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), e Maria Luiza Busse, também da ABI, enviaram seu apoio, dando respaldo à campanha e à liberdade do australiano.
Diniz afirma que ainda é necessário “expandir a campanha aqui no Brasil”, em especial, para ela, no âmbito jornalístico, declarando que o Comitê Carioca começou a coletar os vídeos no dia da Declaração Universal dos Direitos Humanos – data que também saiu a decisão que reverteu a decisão que impedia a extradição contra o ativista, mas que será apelada por sua defesa.
Os vídeos coletados são publicados pela organização, que também está envolvido e aliada ao trabalho da campanha Assange Livre Brasil, dando visibilidade dentro e fora do Brasil.
Flickr/ Garry Knight
Governo dos EUA pede a extradição de Julian Assange, que pode pegar até 175 anos de prisão
“Silenciar Assange é destruir a capacidade de sermos bem informados. Assange não praticou nenhum crime. […] Seguimos coletando vídeos e apoios para essa causa. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) também declarou estar a favor da liberdade”, disse ela.
O ativista é acusado pelo Departamento de Justiça norte-americano de “conspirar” com a ex-analista militar Chelsea Manning por publicar milhares de documentos com informações confidenciais sobre crimes de guerra dos EUA no Iraque e no Afeganistão.
Assange segue em prisão preventiva em Londres, no Reino Unido, aguardando entrar com uma apelação à Suprema Corte britânica para reverter ser extraditado. Caso seja, o australiano poderá pegar até 175 anos de prisão.
Segundo a coordenadora, a campanha pela liberdade de Assange “não admite” que crimes de guerras publicados pelo Wikileaks fiquem “em sigilo” por determinação “unilateral de uma nação que se diz democrática”.
Para o Comitê Carioca, a “perseguição” contra Assange é uma forma de “silenciamento da liberdade de expressão” que, segundo Diniz, “ainda luta contra a 'liberdade de opressão”.
“A perseguição que fazem a todos que testemunharam as atrocidades executadas em invasões norte-americanas é a comprovação de que ao país não é dado o direito de se autoproclamar democrata”, defende Diniz, apontando qual “lado da trincheira” a campanha está, sendo “necessário agir”.