Para resistir a piada de Maduro, governadora de Porto Rico pede ajuda de Trump
Presidente venezuelano ironizou ‘libertar’ ilha com ajuda do brasil e gerou onda de má interpretação nos meios de comunicação
A governadora de Porto Rico, Jennifer González, enviou uma mensagem na segunda-feira (13/01) ao presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, pedindo que fosse enviada “uma rápida resposta” ao presidente venezuelano Nicolás Maduro por conta de uma suposta missão militar latino-americana para libertar a ilha caribenha da dominação norte-americana.
A fala em tom jocoso de Maduro, durante o Festival Internacional Antifascista, realizado no sábado (11/01) em Caracas, ironizava as ambições de Trump de anexar aos Estados Unidos os territórios do Canadá, Groenlândia e Canal do Panamá.
Em tom sério, Maduro afirmou que, “enquanto o Norte (Estados Unidos) tem um programa de colonização, nós (ele, Maduro, e a audiência antifascista) temos um programa de libertação. E a agenda de libertação quem nos escreveu foi Simón Bolívar”. Nesse momento, Maduro faz uma piada com o Brasil. “Nós a conseguiremos, com as tropas do Brasil, e Abreu e Lima irá à frente, o batalhão Abreu e Lima, para libertar Porto Rico”.
José Inácio de Abreu e Lima (1794-1869) foi um dos generais do Exército de libertação de Simón Bolívar. Nascido em Recife, participou das guerras de independência e por isso é celebrado em diferentes países da América espanhola, como é o caso da Venezuela. Em Pernambuco, há um município que leva seu nome e também uma refinaria de petróleo, no município de Ipojuca.
A governadora de Porto Rico reagiu como se não tivesse percebido a mudança no tom do discurso de Maduro e como se fosse a Venezuela, de fato, que estaria ameaçando a soberania de países vizinhos. Como se houvesse de fato qualquer ameaça real de Maduro, solicitou a Trump uma “uma rápida resposta, que deixe claro ao narcorregime de Maduro que os Estados Unidos protegerão as vidas e a soberania norte-americanas, e não se curvarão a pequenos criminosos e assassinos”.
Jennifer González não foi a única. Diversos veículos de comunicação não entenderam ou fingiram não entender a resposta de Maduro aos discursos imperiais recentes de Trump, que já foi ironizado, entre outros, pela presidenta do México, Claudia Sheinbaum. Trump disse que passaria a chamar o Golfo do México de “Golfo da América” e Claudia respondeu que passaria a chamar, então, os Estados Unidos da América de América Mexicana, em alusão aos territórios tomados do México pelos EUA no século 19.

Reprodução / @Jenniffer
Governadora de Porto Rico enviou carta ao presidente eleito dos EUA, Donald Trump, em reação a piada de Maduro
Jennifer González também falou sobre a declaração de Maduro durante sua visita ao Congresso norte-americano, na mesma segunda-feira, em evento que também serviu para pedir mais apoio de Washington para os problemas do arquipélago.
Sem direito de votar para presidente
Porto Rico é um território colonial norte-americano desde 1898, sendo completamente dependente em termos comerciais e militares.
O arquipélago possui cerca de três milhões de habitantes, que podem votar apenas em eleições para as autoridades locais, sem direito a participar das eleições presidenciais. Também não há representantes porto-riquenhos no Congresso dos Estados Unidos.
Além disso, a população porto-riquenha enfrenta há anos uma longa crise econômica, energética e de infraestrutura, devido à escassa ajuda enviada por Washington para lidar com as cada vez mais frequentes passagens de furacões e tornados pelo território insular.