A economia da China cresceu 7,9% no segundo trimestre desse ano, em comparação ao mesmo intervalo de 2008. O número também representa uma aceleração se comparado com a alta de 6,1% registrada nos primeiros três meses de 2009, de acordo com dados divulgados pelo governo. O crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) chinês no segundo trimestre foi levemente mais alto que a média das previsões dos economistas, que esperavam uma alta de 7,7%. No primeiro semestre de 2009, a economia chinesa cresceu 7,1% ante igual período do ano passado.
O crescimento do PIB se acelera, assim, pela primeira vez, após dois anos e meio em que esteve diminuindo. A taxa de crescimento e outros indicadores macroeconômicos divulgados hoje (16) mostram que a economia chinesa “está mudando para uma situação melhor e se estabilizando”, destacou o porta-voz Escritório Nacional de Estatísticas, Li Xiaochao, ao apresentar os dados, em entrevista coletiva.
Entretanto, ainda há dados que continuam mostrando volatilidade na economia chinesa, como o do comércio exterior, pilar do país asiático e que segue sem mostrar melhoras. Entre janeiro e junho, o comércio exterior diminuiu 23,5% em comparação ao mesmo período de 2008, chegando a 946,1 bilhões de dólares. As exportações tiveram uma queda de 21,8%, para 521,5 bilhões de dólares, enquanto as importações caíram 25,4%, a 424,6 bilhões de dólares. Também continua a deflação, com uma perda de 1,1% no IPC (Índice de Preços ao Consumidor) ao longo do semestre. Só em junho, a queda foi de 1,7%.
Li disse que em maio, com o aumento da produção industrial, começou-se a reverter as tendências negativas no crescimento nacional, e ressaltou que medidas estatais como a concessão de ajudas para estimular o consumo das famílias rurais e as ajudas fiscais à exportação foram fundamentais para a recuperação. O valor acumulado do PIB na primeira metade do ano chegou a 13,98 trilhões de iuanes (2,04 trilhões de dólares), um aumento de 7,1% anualizado para a terceira maior economia do mundo. Suas reservas de capital estrangeiro cresceram 17,8% em relação a junho do ano passado, se tornando as maiores do mundo: mais de dois trilhões de dólares, segundo o banco central chinês.
Varejo
Compensando a queda das exportações, a China registrou na primeira metade do ano crescimentos de dois dígitos em outros dois setores fortes de sua economia, o investimento e o consumo interno. O investimento em ativos fixos aumentou 33,5% durante o semestre, para 9,13 trilhões de iuanes (1,33 trilhão de dólares).
O indicador do consumo, as vendas a varejo, aumentou 15%, para 5,87 trilhões de iuanes (560 bilhões de dólares), em comparação ao mesmo período do ano passado, depois de avançar 15,2% em maio. A previsão dos economistas era de expansão de 15,3% nas vendas. O governo chinês informou também que a produção industrial de valor agregado cresceu 10,7% em junho em relação ao mesmo mês de 2008, superando a previsão de alta de 9,5% e o aumento de 8,9% de maio. As informações são da Dow Jones.
A produção industrial, por outro lado, cresceu 7% no semestre e, em junho, conseguiu retornar às altas de dois dígitos (10,7%). A renda per capita disponível da população urbana chinesa cresceu 9,8% durante o semestre, para 1,296 mil dólares, enquanto a da população rural – que representa mais de 60% no país mais povoado do mundo – aumentou 8,1%, para 400 dólares.
Emprego
O porta-voz não informou números exatos sobre o emprego, depois que, no começo do ano, informou-se que a crise das exportações chinesas tinha deixado sem trabalho 20 milhões de imigrantes.
Li afirmou que, no primeiro semestre, tinham sido criados 3,78 milhões de empregos, e que a situação do mercado de trabalho é “basicamente estável”.
”Alguns setores, no entanto, não sentem ainda sinais de recuperação econômica, sinal de que o crescimento ainda não é equilibrado”, disse.
Vazamento de dados
O país informou que punirá os responsáveis pelo vazamento dos dados sobre o crescimento do PIB, disse Li Xiaochao, porta-voz do Escritório Nacional de Estatísticas. A China tem uma legislação sobre segredos de Estado, mas não está claro o que é um segredo de Estado nem se o governo consideraria que isso inclui as informações que mexem com o mercado, como as relativas ao PIB.
Na manhã da última terça-feira, o jornal “Beijing Times” informou corretamente, citando uma fonte não identificada, que a economia chinesa cresceu 7,9% no segundo trimestre ante o mesmo intervalo do ano passado, antes de os dados serem divulgados pelo escritório de estatísticas.
No mesmo dia, o jornal de Hong Kong “Ming Pao Daily” informou que o PIB da China cresceu 8,3% no segundo trimestre, citando fontes do mercado. “Eu e meu escritório também vimos estas notícias”, disse Li durante entrevista coletiva sobre os números do PIB. Ele não especificou, porém, quem seria punido pela divulgação dos dados.
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