Polícia chilena expulsa manifestantes solidários a mulheres em greve de fome
Polícia chilena expulsa manifestantes solidários a mulheres em greve de fome
Um grupo de policiais carabineiros (militares) do Chile desalojou na madrugada deste domingo (22/11) manifestantes que apoiavam as 33 mulheres que estão desde a semana passada em uma greve de fome dentro de uma mina de carvão em protesto contra o fim dos empregos de emergência na região.
As mulheres que realizam o protesto na mina Chiflón del Diablo — localizado na cidade de Lota, a cerca de 500 quilômetros ao sul de Santiago — temiam desde ontem uma ação de desalojamento, porque havia uma ambulância “na parte de trás da mina”, assinalou a porta-voz do grupo, Mónica Torres.
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A rádio chilena Cooperativa informou que, entre os manifestantes que protestavam em solidariedade às mulheres, estavam alguns parlamentares, como a deputada Clemira Pacheco, do Partido Socialista. Ela inclusive denunciou agressões por parte dos carabineiros.
O grupo que foi retirado à força pela polícia planejava iniciar uma greve de fome para se somar ao protesto das 33 mulheres, iniciado na última quarta-feira. Elas ficaram desempregadas quando o governo acabou com 12 mil empregos de emergência em um programa aplicado pelo governo de Sebastián Piñera após o terremoto e tsunami de fevereiro passado.
Elas exigem a restauração dos postos de trabalho, que lhes permitiu, conforme assinalaram em um comunicado, manter seus lares após os desastres ocorridos no início do ano.
“Fomos [ao palácio] La Moneda, não fomos escutados, depois fomos ao Parlamento, onde fomos escutados pela presidente da Câmara dos Deputados, Alejandra Sepúlveda, e nos disseram que havia alguma possibilidade de que na Câmara dos Deputados se votasse [a restituição dos empregos] no Orçamento de 2011”, atestou Evelyn Saldías, representante do movimento.
Os manifestantes exigiram uma reunião com o arcebispo de Concepción, Ricardo Ezzati, e com a governadora de Bio Bio, Jacqueline Van Rysselberghe, uma vez que eles seriam “os únicos que estariam dispostos a negociar”.
O subsecretário do Trabalho do Chile, Bruno Baranda, assegurou hoje que existem subsídios para a contratação de mão-de-obra no estado e pediu aos grevistas que acabem com o protesto.
“Hoje em dia temos 10 mil cotas disponíveis de subsídios para a contratação da mão-de-obra precisamente na região de Bio Bio. Nós acreditamos que há argumento de fundo [por parte das grevistas], sem o prejuízo da angústia de [os empregos] estarem acabando, mas isso não pode nos levar ao extremo de estar pondo em risco sua vida”, declarou ele à rádio Cooperativa.
As 33 mulheres estão a 900 metros de profundidade na mina Chiflón del Diablo, que se encontra desativada. Segundo uma equipe médica que desceu ao local na sexta-feira para analisar as condições de saúde do grupo, algumas mulheres apresentam algumas perturbações intestinais e respiratórias por causa da má ventilação.
Sobre a possibilidade de uma mesa de diálogo, o subsecretário do Trabalho respondeu que “sempre o governo regional está disposto”, mas “enquanto houver greve de fome, fica difícil dialogar”. Para Baranda, “não nos compete aos outros que intermedeiem”, “acredito que somos capazes de dialogar com elas”.
O programa de trabalhos de emergência foi implementado após o centro-sul do país ter sido devastado por um abalo sísmico de 8,8 graus na escala Richter em 27 de fevereiro, que deixou cerca de 20 bilhões de dólares em prejuízos. O projeto governamental terminou no início do mês.
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