Segunda-feira, 21 de abril de 2025
APOIE
Menu

Matéria atualizada às 15h41 (pelo horário de Seul)

A agência conjunta de investigação teve um impasse no período da manhã até o início da tarde desta sexta-feira (03/01), pelo horário local, ao tentar entrar na residência presidencial, em Seul, para cumprir um mandado de prisão contra Yoon Suk Yeol, do Partido do Poder Popular (PPP) de extrema direita. Unidades militares do Serviço de Segurança da Presidência impediram que os agentes conseguissem ingressar no local para retirar o presidente afastado, que é acusado por ter cometido crimes de insurreição e abuso de poder quando tentou impor a lei marcial, em 3 de dezembro.

De acordo com o Ministério Público e a polícia, a operação foi interrompida às 13h30 (pelo horário local) devido à “obstrução” e riscos de segurança.

Receba em primeira mão as notícias e análises de Opera Mundi no seu WhatsApp!
Inscreva-se

“Em relação ao mandado de detenção de hoje, determinamos que era praticamente impossível executá-lo devido a um impasse contínuo. Estávamos preocupados com a segurança dos agentes no local devido à obstrução para o cumprimento da ordem”, explicaram as autoridades, declarando o trabalho “interrompido”. 

A operação, que mobilizou cerca de 150 membros do órgão investigativo para ingressar no local, além de 2 mil e 700 membros de 45 esquadrões de choque para impedir possíveis ataques dos apoiadores do mandatário – que demonstraram um comportamento agressivo contra a polícia e a imprensa nos dias anteriores –, foi iniciada cedo.

“Começamos a executar um mandado de prisão contra o presidente (afastado) Yoon”, havia declarado o Escritório de Investigação de Corrupção para Oficiais de Alto Nível (CIO, na sigla em inglês) às 08h04, pelo horário local, em um comunicado à imprensa. Mas até a tarde, seguiram barrados pelo Serviço de Segurança da Presidência. 

Fora do prédio presidencial, centenas de apoiadores que passaram a noite afirmando que “o presidente Yoon será protegido pelo povo” seguiram a manhã bloqueando a passagem da equipe investigativa. Um micro-ônibus também foi posicionado na porta da residência para dificultar a operação dos agentes. 

A imprensa nacional também levantou preocupações sobre “maior violência” e risco de confrontos por parte deles caso o mandado não seja cumprido nesta sexta-feira e adiado para o fim de semana. O órgão tem até a próxima segunda-feira (06/01) para executar a ordem, de acordo com o prazo estipulado pela Justiça. Em hipótese de que a ordem tenha a sua validade expirada, a agência tem o direito de solicitar, mais uma vez, a emissão de um novo mandado de prisão.

Nos últimos dias, milhares de manifestantes que apoiam a permanência do mandatário afastado no Executivo se concentraram na sede presidencial, no bairro de Hannam, na província de Yongsan. Na quinta-feira (02/01), data que se especulava uma possível detenção de Yoon, dezenas de apoiadores desobedeceram às ordens de evacuação emitidas pela polícia e acabaram detidos após serem retirados à força. 

Rocio Paik/Opera Mundi
Apoiadores de Yoon Suk Yeol protestam contra a execução do mandado de prisão do presidente afastado, na noite de 2 de dezembro
Mandado de prisão

A agência conjunta de investigadores é formada pelo Escritório de Investigação de Corrupção para Oficiais de Alto Nível (CIO), pela unidade investigativa do Ministério da Defesa e pela polícia, e foi responsável por solicitar o pedido de prisão à Justiça em 30 de dezembro, após Yoon ter ignorado todas as três intimações – nos dias 18, 25 e 29 – para ser interrogado sobre a imposição da lei marcial. Além do mandado de prisão, o órgão também foi autorizado a revistar a residência presidencial.

Por outro lado, a defesa de Yoon classificou os mandados de “ilegais e inválidos”, argumentando que eles “violam a Lei do Processo Penal e a Constituição”. Na noite anterior, entraram com um recurso à Justiça contra a ordem de detenção.

A polícia havia alertado que, se o Serviço de Segurança da Presidência ou os apoiadores de Yoon impedissem o CIO de executar a prisão preventiva, eles seriam acusados por “obstrução de funções oficiais” e levados sob custódia.

No caso de Yoon ser preso preventivamente, os investigadores devem encaminhá-lo ao Gabinete de Investigação Aerotransportada do Complexo Governamental de Gwacheon, a sede do CIO, localizado na província de Gyeonggi, perto de Seul e a 17 quilômetros da Presidência. Por lá, o mandatário seria interrogado e, em seguida, levado ao Centro de Detenção de Seul, nas proximidades da cidade de Uiwang.

Uma vez detido, o CIO tem 48 horas para formalizar outro mandado de prisão contra Yoon, ou pode até chegar na decisão de libertá-lo.

Oposição defende prisão imediata

No marco de um mês desde a decretação da lei marcial, Park Chan Dae, um dos representantes do Partido Democrático da Coreia, principal sigla oposicionista de centro, reforçou nesta manhã, durante uma reunião na Assembleia Nacional, a necessidade de uma “prisão e detenção imediata” de Yoon para que o país volte a funcionar com “normalidade”.

O deputado também dirigiu o seu recado ao Serviço de Segurança da Presidência e à agência de investigação.

“A obstrução da execução de um mandado de prisão para um líder rebelde configura um crime claramente grave. Qualquer um que interferir na ordem legalmente emitida pelo tribunal será considerado cúmplice da rebelião (promovida por Yoon) e punido pela obstrução de deveres oficiais”, alertou.

Park também fez críticas ao PPP, exigindo para que parassem de apoiar um presidente “que destruiu a ordem constitucional e a democracia”. Segundo ele, “o ato de defender esse líder rebelde é certificar-se como uma força antiestatal”.

Na mesma manhã, a sigla governista convocou uma reunião com o diretor da administração do tribunal para condenar a emissão do mandado de prisão contra Yoon. Essa ação foi repudiada pelos membros da oposição que integram a Comissão de Legislação e Judiciário da Assembleia Nacional, que afirmaram se tratar de “um ultraje antidemocrático que mina seriamente a independência do poder judicial”, e “um claro desafio ao Estado de Direito” que “não pode ser tolerado”.