A Justiça do Uruguai ordenou na sexta-feira (18/01) prisão domiciliar ao vice-comissário Ricardo Zabala, que foi indiciado pelo assassinato de Cecilia Fontana de Heber no episódio dos “vinhos envenenados”. Segundo o jornal El País Uruguay, Zabala, que estava preso em um centro de detenção em Maldonado, alegou problemas de saúde e foi transferido para uma residência à beira-mar.
O crime ocorreu em 1978, quando Cecília ingeriu um vinho envenenado que havia sido oferecido ao seu marido, o líder do Partido Nacional, Mario Heber. Na ocasião, outras duas garrafas de vinho envenenadas também foram enviadas ao futuro presidente Luis Alberto Lacalle Herrera e Carlos Julio Pereyra, uma das lideranças do Partido Nacional.
Cecília morreu aos 48 anos e deixou cinco filhos, incluindo o ex-ministro do Interior e atual senador do Partido Nacional, Luis Alberto Heber.

Retrato de Cecilia Fontanta, mãe do senador uruguaio Luis Alberto Heber
Em 1985, uma comissão especial passou a investigar o caso, recolhendo depoimentos do então ministro do Interior, Carlos Manini Ríos, bem como de repressores ligados à Direção Nacional de Informação e Inteligência e à Brigada de Narcóticos. O relatório final do comitê foi apresentado em 26 de agosto de 1986, mas não conseguiu estabelecer conclusões claras.
Em janeiro de 2020, o senador Luis Alberto Heber solicitou a reabertura do caso, e em dezembro de 2023, o Ministério Público especializado em crimes contra a humanidade convocou o julgamento de Juan Ricardo Zabala, ex-membro do Serviço de Informações de Defesa, por sua participação no assassinato. As evidências incluíam as impressões digitais do vice-comissário na garrafa de vinho envenenado.
Em 18 de outubro de 2024, Zabala foi indiciado por homicídio qualificado e, então, preso em Maldonado, mantendo-se em um centro de detenção onde se concentram policiais e militares condenados por crimes contra a humanidade.