A falta de recursos e de financiamento resultou na suspensão dos cupons de alimentação que o PMA (Programa Mundial de Alimentos) da ONU (Organização das Nações Unidas) oferecia para mais de 1,7 milhão de sírios refugiados, declarou o órgão nesta segunda-feira (01/12).
“A suspensão da ajuda alimentícia do PMA põe em perigo a saúde e a segurança destes refugiados e pode contribuir potencialmente para causar maior tensão, instabilidade e insegurança nos países de amparo”, afirmou o diretor-executivo da agência, Ertharin Cousin, em coletiva de imprensa.
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Efe
Refugiados sírios na Turquia fogem das ações do grupo radical Estado Islâmico
Os refugiados são civis que saíram do conflito que já dura mais de três anos entre as forças de oposição e tropas de Bashar al-Assad. Em meio à crise, eles se refugiaram principalmente na Jordânia, no Líbano, na Turquia, no Iraque e no Egito. Com o auxílio dos vales proporcionados pela agência das Nações Unidas, eles compram alimentos em lojas locais, o que já mobilizou cerca de US$ 800 milhões no comércio desses países.
Em pedido à comunidade internacional, a PMA estima que pelo menos US$ 64 milhões serão necessários para amparar os refugiados durante o mês de dezembro. Se esses donativos forem repassados, a agência se prontificou a retomar os serviços o mais rápido possível. Para doar, clique aqui.
Conflito na Síria
Em junho deste ano, Assad ganhou as eleições presidenciais, assumindo novo mandato com 88,7% dos votos, após 14 anos no poder. Semanas antes do resultado do pleito, a ONU publicou um relatório em que apontava que três em cada quatro sírios vivem na pobreza e mais da metade da população (54,3%) está em situação de extrema pobreza. Ou seja, sem acesso a itens alimentares e não alimentares básicos para a sobrevivência.
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Refugiado sírio tenta sorte na fronteira: civis são principais afetados pelo caos na região
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Além de o número de baixas estar próximo da casa de 160 mil pessoas, estima-se que pelo menos 520 mil – quase 3% da população – foram mutilados, feridos ou mortos no conflito que se arrasta desde 2011.
Coletados entre julho e dezembro de 2013, os dados apontam que quase metade da população (45%) fugiu de casa desde o início da guerra civil. Consequentemente, pelo menos 2,35 milhões deixaram a Síria como refugiados, enquanto que 1,54 milhão de sírios vivem em outro país na condição de imigrantes não refugiados. A isso, soma-se o número de deslocados internos, que aumentou para 1,19 milhão de pessoas.
Realizado pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) em parceria com o Centro Sírio de Pesquisa em Política, o estudo aponta que o país árabe é afetado por um desemprego que atinge 54,3% da população ativa, com 3,39 milhões de pessoas fora do mercado de trabalho. Destas, 2,67 milhões perderam os empregos durante o conflito.
Efe
Crianças em acampamento de refugiados sírio em Zaatary, na Jordânia. Centenas de milhares fugiram desde início da guerra civil
Além disso, o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) da Síria regrediu à marca de 0,472, caindo do grupo de “desenvolvimento humano médio” para “baixo desenvolvimento humano”. Como poderia se esperar de um país em guerra, tal resultado vem do enfraquecimento do desempenho em educação, saúde e renda, cujos números são alarmantes.
No ramo da educação, mais da metade de todas as crianças em idade escolar (51,8%) já não frequenta mais instituições de ensino. Na saúde, 61 dos 91 hospitais públicos foram danificados e 45% destes estão fora de serviço.
Já no setor industrial, a falência de empresas e a quebra de bancos estão formando novas elites econômicas que utilizam redes nacionais e internacionais para o comércio ilegal de armas, mercadorias e tráfico de pessoas. Entre início de 2011 e o final de 2013, a perda econômica total foi estimada em US$ 143,8 bilhões.
Efe
Crianças sírias brincam em campo de refugiados na fronteira entre Turquia e Síria, próximos à cidade síria de Azaz