O primeiro-ministro do Líbano, Saad Hariri, anunciou nesta quarta-feira (22/11) que vai suspender “temporariamente” a sua renúncia, anunciada duas semanas atrás, após o presidente libanês Michel Aoun ter pedido para que ele reconsiderasse a decisão.
“Apresentei hoje a minha renúncia ao presidente Aoun e ele me pediu para esperar antes de a apresentar e suspendê-la para um maior diálogo sobre suas razões, e me mostrei receptivo”, disse Hariri, citado pela agência Reuters.
Hariri renunciou de forma repentina durante uma viagem à Arábia Saudita. O primeiro-ministro chefia um gabinete de união nacional que inclui o Hezbollah, principal força política libanesa e apoiado pelo governo iraniano.
As autoridades do Líbano e o grupo xiita acusaram Riad de forçar o sunita Hariri a renunciar para desestabilizar o país e de mantê-lo como refém.
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IMF/Flickr CC
Saad Hariri anunciou que suspendeu sua renúncia ao cargo de premiê do Líbano
No dia 10, o Hezbollah disse ter considerado o fato uma “intervenção sem precedentes” na política externa libanesa e acusou Hariri de estar “detido” na Arábia Saudita. “Vamos dizer as coisas como elas são: o homem está detido na Arábia Saudita e proibido, até o momento, de retornar ao Líbano. Está claro que a Arábia Saudita e os oficiais sauditas declararam guerra ao Líbano e ao Hezbollah no Líbano”, afirmou o líder do grupo, Sayyed Hassan Nasrallah.
Na semana passada, Hariri saiu do Líbano e foi à França a convite do presidente Emmanuel Macron.
O premiê, que tem nacionalidade saudita e laços profundos com a monarquia, negava a acusação e diz ser alvo de ameaças de morte. Tanto ele quanto a Arábia Saudita se opõem à participação do Hezbollah na guerra civil na Síria, onde o grupo e o Irã lutam ao lado do presidente do país, Bashar al Assad.
Teerã e Riad também estão em lados opostos no conflito no Iêmen, com a primeira apoiando rebeldes xiitas houthis e a segunda defendendo o governo sunita do país.